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Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas – Catálogo

LT008118
1979
Joaquim Fontes

Autores Fernando de Almeida
Editora Câmara Municipal de Sintra
Idioma Português PT
Estado : Usado 5/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Indisponível

€10
Mais detalhes
  • Ano
  • 1979
  • Código
  • LT008118
  • Detalhes físicos
  • Nº Páginas
  • 55

Descrição

Em Odrinhas existiu um relevante estabelecimento romano, de que se conserva um notável conjunto de inscrições, a maior parte delas referente à tribo Galéria. Dispersas pelas imediações da capela de São Miguel da localidade, foram objecto de recolha desde, pelo menos, o século XVI, aqui se foi constituindo um dos mais impressionantes núcleos de visibilidade da civilização romana do aro de Lisboa, que não passou despercebido aos nossos pioneiros investigadores de finais do século XIX e inícios do XX. O mais importante vestígio do conjunto de ruínas, todavia, é o que resta de uma dependência de planta em ferradura, executada com aparelho substancialmente distinto do que as estruturas plenamente romanas. Os primeiros estudiosos que se dedicaram a esta estranha construção hesitaram entre uma catalogação romana e paleocristã (Cf. CORREIA, 1928, p.378). Na década de 50 do século XX, D. Fernando de Almeida, que efectuou escavações no conjunto, concluiu tratar-se da ábside de uma antiga basílica cristã edificada pelo século VI. No entanto, esta perspectiva não foi consensual e, nas últimas décadas, apareceram outras tentativas de caracterização, a maior parte das quais tentando inserir a estrutura no mundo tardo-romano (HAUSCHILD, 1986, p.151): um possível mausoléu, que repete formulários áulicos característicos do Centro do Império romano (MACIEL, 1995, p.115) ou a sala nobre da uilla tardo-antiga, como pensa José Cardim RIBEIRO. A discussão está longe de se encerrar e, enquanto não existirem dados mais rigorosos acerca das diacronias em presença, valerá a pena ter em consideração as palavras de Carlos Alberto Ferreira de ALMEIDA, 1986, p.9, que ponderou uma "atribuição mais tardia, sobre a época da Reconquista". Independentemente deste debate, tudo leva a crer que o estabelecimento romano tenha sido cristianizado, com grande probabilidade ainda durante a Alta Idade Média. O facto de algumas sepulturas aparentemente romanas evidenciarem marcas de reutilização cristã é um aspecto fundamental para uma melhor caracterização da evolução cronológico-funcional deste sítio. Desconhece-se o impacto que o mundo muçulmano teve na uilla, tendo-se identificado apenas um conjunto de inscrições moçárabes (REAL, 1995, p.60; BARROCA, 2000, pp.54-60) de uma igreja existente na vizinha localidade de Faião e recolhidas no Museu. A nova ordem cristã imposta pela Reconquista, determinou um renovado interesse pelo local e terá sido a partir de então que se edificou outro templo, antecessor da moderna capela de São Miguel. Dos séculos XII a XV são as numerosas cabeceiras de sepultura identificadas na necrópole anexa, bem como a imagem gótica de São Miguel, que tutelou a capela-mor do templo até ao século XX. O renovado Museu de Odrinhas é herdeiro de uma longa tradição de salvaguarda dos vestígios antigos do local, verificando-se as primeiras iniciativas neste local em pleno Renascimento, ao abrigo do Humanismo e fascínio pelo passado romano do Ocidente europeu. Em 1955, a Câmara Municipal de Sintra lançou as bases modernas do museu, por intermédio de Joaquim Fontes, primeiro director da instituição, depois de uma tentativa frustrada de alguns eruditos em transportar o espólio para um grande museu nacional (cf. FONTES, 4ªed., 1979, p.12). O actual plano museológico iniciou-se em meados da década de 90 do século XX e teve como principal impulsionador José Cardim Ribeiro. Baseando o projecto na complexa realidade histórica local, "plurifacetada de muitas arqueologias" (RIBEIRO, SIMÕES e COELHO, 1999, p.151), o programa permite uma viagem a núcleos cronológicos e culturais distintos, que cobrem praticamente 6000 anos de História da região. Para além das colecções, o museu possui numerosas áreas complementares, como uma Biblioteca especializada, auditório e sala de exposições temporárias, tudo em procurada sintonia arquitectónica e espacial com as ruínas da uilla romana e altimedieval e com a capela de São Miguel.

Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas – Catálogo

€10

LT008118
1979
Joaquim Fontes
Autores Fernando de Almeida
Editora Câmara Municipal de Sintra
Idioma Português PT
Estado : Usado 5/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Indisponível

Mais detalhes
  • Ano
  • 1979
  • Código
  • LT008118
  • Detalhes físicos

  • Nº Páginas
  • 55
Descrição

Em Odrinhas existiu um relevante estabelecimento romano, de que se conserva um notável conjunto de inscrições, a maior parte delas referente à tribo Galéria. Dispersas pelas imediações da capela de São Miguel da localidade, foram objecto de recolha desde, pelo menos, o século XVI, aqui se foi constituindo um dos mais impressionantes núcleos de visibilidade da civilização romana do aro de Lisboa, que não passou despercebido aos nossos pioneiros investigadores de finais do século XIX e inícios do XX. O mais importante vestígio do conjunto de ruínas, todavia, é o que resta de uma dependência de planta em ferradura, executada com aparelho substancialmente distinto do que as estruturas plenamente romanas. Os primeiros estudiosos que se dedicaram a esta estranha construção hesitaram entre uma catalogação romana e paleocristã (Cf. CORREIA, 1928, p.378). Na década de 50 do século XX, D. Fernando de Almeida, que efectuou escavações no conjunto, concluiu tratar-se da ábside de uma antiga basílica cristã edificada pelo século VI. No entanto, esta perspectiva não foi consensual e, nas últimas décadas, apareceram outras tentativas de caracterização, a maior parte das quais tentando inserir a estrutura no mundo tardo-romano (HAUSCHILD, 1986, p.151): um possível mausoléu, que repete formulários áulicos característicos do Centro do Império romano (MACIEL, 1995, p.115) ou a sala nobre da uilla tardo-antiga, como pensa José Cardim RIBEIRO. A discussão está longe de se encerrar e, enquanto não existirem dados mais rigorosos acerca das diacronias em presença, valerá a pena ter em consideração as palavras de Carlos Alberto Ferreira de ALMEIDA, 1986, p.9, que ponderou uma "atribuição mais tardia, sobre a época da Reconquista". Independentemente deste debate, tudo leva a crer que o estabelecimento romano tenha sido cristianizado, com grande probabilidade ainda durante a Alta Idade Média. O facto de algumas sepulturas aparentemente romanas evidenciarem marcas de reutilização cristã é um aspecto fundamental para uma melhor caracterização da evolução cronológico-funcional deste sítio. Desconhece-se o impacto que o mundo muçulmano teve na uilla, tendo-se identificado apenas um conjunto de inscrições moçárabes (REAL, 1995, p.60; BARROCA, 2000, pp.54-60) de uma igreja existente na vizinha localidade de Faião e recolhidas no Museu. A nova ordem cristã imposta pela Reconquista, determinou um renovado interesse pelo local e terá sido a partir de então que se edificou outro templo, antecessor da moderna capela de São Miguel. Dos séculos XII a XV são as numerosas cabeceiras de sepultura identificadas na necrópole anexa, bem como a imagem gótica de São Miguel, que tutelou a capela-mor do templo até ao século XX. O renovado Museu de Odrinhas é herdeiro de uma longa tradição de salvaguarda dos vestígios antigos do local, verificando-se as primeiras iniciativas neste local em pleno Renascimento, ao abrigo do Humanismo e fascínio pelo passado romano do Ocidente europeu. Em 1955, a Câmara Municipal de Sintra lançou as bases modernas do museu, por intermédio de Joaquim Fontes, primeiro director da instituição, depois de uma tentativa frustrada de alguns eruditos em transportar o espólio para um grande museu nacional (cf. FONTES, 4ªed., 1979, p.12). O actual plano museológico iniciou-se em meados da década de 90 do século XX e teve como principal impulsionador José Cardim Ribeiro. Baseando o projecto na complexa realidade histórica local, "plurifacetada de muitas arqueologias" (RIBEIRO, SIMÕES e COELHO, 1999, p.151), o programa permite uma viagem a núcleos cronológicos e culturais distintos, que cobrem praticamente 6000 anos de História da região. Para além das colecções, o museu possui numerosas áreas complementares, como uma Biblioteca especializada, auditório e sala de exposições temporárias, tudo em procurada sintonia arquitectónica e espacial com as ruínas da uilla romana e altimedieval e com a capela de São Miguel.