Do Tempo e da Moda resulta da análise empenhada e atenta de uma relação – a que se foi construindo entre as leitoras e o Modas & Bordados, ao longo dos quinze anos que correspondem, “grosso modo” à época da I República. Relação essa apreendida a jusante, em jeito de imagem devolvida por um espelho. Ou seja, através do discurso da(s) directora(s) da publicação e das suas colaboradoras. Quer se trate de sages conselhos do foro conjugal, quer de informações sobre matérias bem mais objectivas, como a composição do enxoval de uma jovem burguesa, quer ainda de uma dieta de emagrecimento ou de receitas para conservar a juventude, a informação que se foi obtendo ao longo do estudo daqueles milhares de páginas “introduziu-nos” nos lares da pequena e média burguesia do Portugal de então. Mulheres, não raro, mal preparadas para desempenhar o papel que se lhes exigia, quantas delas desiludidas e apoquentadas, para quem o Modas & Bordados era, simultaneamente o confidente paciente, o conselheiro seguro, a fada-madrinha cuja varinha mágica poderia, quiçá, polvilhar de estrelas a cinzenta monotonia de um quotidiano sem história. Porque, para além da matriz orientadora – explicitamente anunciada no editorial do primeiro número, e diversas vezes reiterada no decurso da publicação – o Modas & Bordados desempenha, também, uma importante função catártica. E não será isto que, ainda hoje, a quase um século de distância, buscamos ao folhear as apelativas páginas de revistas femininas, que incessantemente desafiam cada mulher a tornar-se aquilo que gostaria de ser?
Do Tempo e da Moda resulta da análise empenhada e atenta de uma relação – a que se foi construindo entre as leitoras e o Modas & Bordados, ao longo dos quinze anos que correspondem, “grosso modo” à época da I República. Relação essa apreendida a jusante, em jeito de imagem devolvida por um espelho. Ou seja, através do discurso da(s) directora(s) da publicação e das suas colaboradoras. Quer se trate de sages conselhos do foro conjugal, quer de informações sobre matérias bem mais objectivas, como a composição do enxoval de uma jovem burguesa, quer ainda de uma dieta de emagrecimento ou de receitas para conservar a juventude, a informação que se foi obtendo ao longo do estudo daqueles milhares de páginas “introduziu-nos” nos lares da pequena e média burguesia do Portugal de então. Mulheres, não raro, mal preparadas para desempenhar o papel que se lhes exigia, quantas delas desiludidas e apoquentadas, para quem o Modas & Bordados era, simultaneamente o confidente paciente, o conselheiro seguro, a fada-madrinha cuja varinha mágica poderia, quiçá, polvilhar de estrelas a cinzenta monotonia de um quotidiano sem história. Porque, para além da matriz orientadora – explicitamente anunciada no editorial do primeiro número, e diversas vezes reiterada no decurso da publicação – o Modas & Bordados desempenha, também, uma importante função catártica. E não será isto que, ainda hoje, a quase um século de distância, buscamos ao folhear as apelativas páginas de revistas femininas, que incessantemente desafiam cada mulher a tornar-se aquilo que gostaria de ser?