«O ponto de partida do presente ensaio é o entendimento de que a arte constitui um dos motivos catalisadores, se não mesmo um dos temas maiores da reflexão de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Na interpretação do autor, o filósofo da percepção, aquele que, de todos os pensadores contemporâneos, conferiu ao corpo po um estatuto que a reflexão do século XX ainda não lhe concedera, chegou à arte por necessidade intrínseca do seu próprio caminho especulativo, vindo a reflexão sobre a expressão artística a dar um contributo essencial para a constituição do seu próprio pensamento, contributo esse que se vai adensando, desde a Fenomenologia da Percepção (1945) até O Visível e o Invisível (1964) e O Olho e o Espírito (1964), a ponto de poder dizer-se que na arte, particularmente na arte moderna, encontrou Merleau-Ponty uma filosofia à l'oeuvre, apesar da ausência do conceito, a que é, de facto, alheia a expressão artística.
José Bettencourt da Câmara é professor no Departamento de Artes da Universidade de Évora.»
«O ponto de partida do presente ensaio é o entendimento de que a arte constitui um dos motivos catalisadores, se não mesmo um dos temas maiores da reflexão de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Na interpretação do autor, o filósofo da percepção, aquele que, de todos os pensadores contemporâneos, conferiu ao corpo po um estatuto que a reflexão do século XX ainda não lhe concedera, chegou à arte por necessidade intrínseca do seu próprio caminho especulativo, vindo a reflexão sobre a expressão artística a dar um contributo essencial para a constituição do seu próprio pensamento, contributo esse que se vai adensando, desde a Fenomenologia da Percepção (1945) até O Visível e o Invisível (1964) e O Olho e o Espírito (1964), a ponto de poder dizer-se que na arte, particularmente na arte moderna, encontrou Merleau-Ponty uma filosofia à l'oeuvre, apesar da ausência do conceito, a que é, de facto, alheia a expressão artística.
José Bettencourt da Câmara é professor no Departamento de Artes da Universidade de Évora.»