«O mar aqui transparece como uma alegria vital. Quem nasce e vive numa cidade à beira mar é necessariamente contaminado pelo fogo que corre nas veias do mar. Entro dentro dele ou entra em mim o mar? (pergunta do poeta nas páginas deste livro). O mar é uma salvação e, como escreveu Jorge de Sena no seu livro Sinais de fogo, “A água lava tudo. Ou quase tudo…” Ilustrar este livro de João Pedro Mésseder foi a experiência da luz e do mar. Quando digo luz digo cor, quando digo mar digo vento. Corpo quente em contacto com a água fria do mar. Foi o azul, o verde, o amarelo. O preto. A aguarela e a tinta da china. O lápis de grafite. Este livro pertence ao Verão, ao meu Verão de 2019, que foi assumidamente figueirense. Na cidade há constantes sombras de gaivotas projectadas nas paredes dos edifícios. São elas e o seu grasnar que me lembram de uma lição que aprendi quando vivi na Suécia. Somos uma espécie entre tantas outras. Pertencemos todos ao planeta Terra. Pertencemos todos ao mar, à terra, às nuvens. E casamo-nos todos muito bem com o Sol. Talvez por isso estas ilustrações sejam uma espécie de ensaio do corpo em conexão com o mar e com as palavras de João. João, que é José, e que me dá a alegria destas Poucas letras, tanto mar.» Ana Biscaia