Acontecimento na literatura para crianças da época vitoriana, Alice no País das Maravilhas escapa às caricaturas e às concepções tradicionais do género: a criança, em vez de ser objecto de punições, torna-se heroína de aventuras. Ao escolher desembaraçar-se do moralismo, da religião e da afectação dos textos da época, Lewis Carrol inventa a menina moderna: inocente e bem comportada, mas também pretensiosa e cabotina, até mesmo provocante. A nossa visão da infância mudou, tornou-se mais ambígua. Com efeito, Alice é um paradoxo puro. Esta menina-modelo incarna o ideal vitoriano da infância, mas ao mesmo tempo ela reivindica a sua liberdade e afirma a sua identidade. Além disso, ela é um ser assexuado sendo um objecto de desejo. Porque ela é uma personagem carregada de afecto erótico, submissa ao olhar do seu autor e ignorando o pedido implícito do adulto, Alice segura assim a perenidade do desejo e ilustra a pureza do amor que Lewis Carrol tem pelas meninas: uma paixão não tanto interdita mas impossível.
Acontecimento na literatura para crianças da época vitoriana, Alice no País das Maravilhas escapa às caricaturas e às concepções tradicionais do género: a criança, em vez de ser objecto de punições, torna-se heroína de aventuras. Ao escolher desembaraçar-se do moralismo, da religião e da afectação dos textos da época, Lewis Carrol inventa a menina moderna: inocente e bem comportada, mas também pretensiosa e cabotina, até mesmo provocante. A nossa visão da infância mudou, tornou-se mais ambígua. Com efeito, Alice é um paradoxo puro. Esta menina-modelo incarna o ideal vitoriano da infância, mas ao mesmo tempo ela reivindica a sua liberdade e afirma a sua identidade. Além disso, ela é um ser assexuado sendo um objecto de desejo. Porque ela é uma personagem carregada de afecto erótico, submissa ao olhar do seu autor e ignorando o pedido implícito do adulto, Alice segura assim a perenidade do desejo e ilustra a pureza do amor que Lewis Carrol tem pelas meninas: uma paixão não tanto interdita mas impossível.