Originalmente uma tese do professor Jacinto do Prado Coelho, este volume é a primeira grande obra crítica sobre Fernando Pessoa e, até hoje, uma de suas melhores introduções. Retornar a seu trabalho seminal é uma tarefa que recompensa o leitor com a surpreendente atualidade de muitas avaliações e com uma consistente visão geral da obra do poeta, a despeito do estado ainda muito incompleto em que esta se encontrava nos anos 1940.
Passando sinteticamente por Caeiro, Reis, Campos, os poemas ortônimos do Cancioneiro e Mensagem, e pelo pouco que se conhecia, até então, de Soares, Prado Coelho procura, nessa diversidade, os motivos centrais da poesia (como os binômios realidade/ilusão e ser/parecer, ou a dor do pensamento). Após indicar os aspectos estilisticamente comuns às diferentes instâncias poéticas, passa, finalmente, a refletir sobre o drama da criação pessoana. O que o move é, portanto, a procura por uma unidade essencial implícita na diversidade heteronímica. Essa unidade reside, segundo o crítico, no tédio proveniente da especulação abstrata, no amargor da derrota que advém do problema comum às variegadas formas pessoanas de expressão: a busca impossível por uma equação que inclua a aflitiva aspiração ao absoluto e o implacável ceticismo.
A constante inquietação metafísica de Pessoa manifesta-se, afinal, segundo um antagonismo entre a intuição do oculto e sua corrosiva lucidez. Este o drama, a motivação profunda, que se confirmará numa análise ágil e que se pretende imanente, ou estilística, dos textos – à distância do psicologismo que se impôs nos anos seguintes da recepção pessoana.
Originalmente uma tese do professor Jacinto do Prado Coelho, este volume é a primeira grande obra crítica sobre Fernando Pessoa e, até hoje, uma de suas melhores introduções. Retornar a seu trabalho seminal é uma tarefa que recompensa o leitor com a surpreendente atualidade de muitas avaliações e com uma consistente visão geral da obra do poeta, a despeito do estado ainda muito incompleto em que esta se encontrava nos anos 1940.
Passando sinteticamente por Caeiro, Reis, Campos, os poemas ortônimos do Cancioneiro e Mensagem, e pelo pouco que se conhecia, até então, de Soares, Prado Coelho procura, nessa diversidade, os motivos centrais da poesia (como os binômios realidade/ilusão e ser/parecer, ou a dor do pensamento). Após indicar os aspectos estilisticamente comuns às diferentes instâncias poéticas, passa, finalmente, a refletir sobre o drama da criação pessoana. O que o move é, portanto, a procura por uma unidade essencial implícita na diversidade heteronímica. Essa unidade reside, segundo o crítico, no tédio proveniente da especulação abstrata, no amargor da derrota que advém do problema comum às variegadas formas pessoanas de expressão: a busca impossível por uma equação que inclua a aflitiva aspiração ao absoluto e o implacável ceticismo.
A constante inquietação metafísica de Pessoa manifesta-se, afinal, segundo um antagonismo entre a intuição do oculto e sua corrosiva lucidez. Este o drama, a motivação profunda, que se confirmará numa análise ágil e que se pretende imanente, ou estilística, dos textos – à distância do psicologismo que se impôs nos anos seguintes da recepção pessoana.