Pão de açúcar ou Cristo Redentor? Contrariando as expectativas dos cariocas, o maior símbolo da cidade é, na verdade, o medo. Esparramada sobre a baía de Guanabara, em posição privilegiada por Deus, mas vulnerável a ataques, a metrópole fluminense conheceu diversos estados de sítio em seus quatro séculos de fundação. Os atuais conflitos entre policiais e traficantes têm origem mais antiga do que as mazelas sociais ou a gradual troca de comando das organizações criminosas - saem os bicheiros e entram em cena traficantes cada vez mais jovens. O pânico que invade a cidade de tempos em tempos é reflexo de uma cidade moldada pelo constante temor de invasões. Em A CIDADE E O IMPÉRIO - O RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII, a historiadora Maria Fernanda Bicalho analisa como o temor diante da proximidade de navios estrangeiros marcou o cotidiano dos habitantes do Rio. Fundada sob o signo da disputa colonial entre duas potências européias, França e Portugal, a cidade viveu em constante estado de sítio até o século XIX. Nicolau de Villegaignon morou com seus compatriotas franceses numa ilha da baía de Guanabara. Foram expulsos pelos portugueses. Dois séculos depois, vieram os piratas Dugay Trouin e Duclerc. O contra-ataque lusitano, apesar de vitorioso, foi longo e esvaziou os cofres públicos. O medo faz parte do inconsciente carioca. A influência desse sentimento no dia-a-dia dos colonos pode ser traduzida pelas ordens, alvarás e extensa correspondência trocada entre metrópole e colônia. Com base em documentação muitas vezes inédita, buscada em arquivos portugueses e franceses, Maria Fernanda revela projetos de invasão até agora ignorados - como o francês, de 1762, sustado por acordos europeus de última hora. "Esta documentação me permitiu desvendar algumas representações sobre o medo em permanente elaboração na dinâmica da relação colonial", argumenta a autora. A CIDADE E O IMPÉRIO - O RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII analisa os mecanismos de poder, controle e ordenação de um dos mais importantes centros urbanos do Império Português. Ao longo do século XVIII, as guerras da Europa se desdobraram cada vez mais sobre as colônias, e as possessões luso-portuguesas não foram exceção à regra. Maria Fernanda Bicalho constrói um interessante e original trabalho de história urbana, onde não trata apenas da cidade. Trata, ainda, das múltiplas relações políticas - e geopolíticas -, econômicas e sociais que se constituíram em torno da cidade do Rio de Janeiro nos tempos coloniais.
Pão de açúcar ou Cristo Redentor? Contrariando as expectativas dos cariocas, o maior símbolo da cidade é, na verdade, o medo. Esparramada sobre a baía de Guanabara, em posição privilegiada por Deus, mas vulnerável a ataques, a metrópole fluminense conheceu diversos estados de sítio em seus quatro séculos de fundação. Os atuais conflitos entre policiais e traficantes têm origem mais antiga do que as mazelas sociais ou a gradual troca de comando das organizações criminosas - saem os bicheiros e entram em cena traficantes cada vez mais jovens. O pânico que invade a cidade de tempos em tempos é reflexo de uma cidade moldada pelo constante temor de invasões. Em A CIDADE E O IMPÉRIO - O RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII, a historiadora Maria Fernanda Bicalho analisa como o temor diante da proximidade de navios estrangeiros marcou o cotidiano dos habitantes do Rio. Fundada sob o signo da disputa colonial entre duas potências européias, França e Portugal, a cidade viveu em constante estado de sítio até o século XIX. Nicolau de Villegaignon morou com seus compatriotas franceses numa ilha da baía de Guanabara. Foram expulsos pelos portugueses. Dois séculos depois, vieram os piratas Dugay Trouin e Duclerc. O contra-ataque lusitano, apesar de vitorioso, foi longo e esvaziou os cofres públicos. O medo faz parte do inconsciente carioca. A influência desse sentimento no dia-a-dia dos colonos pode ser traduzida pelas ordens, alvarás e extensa correspondência trocada entre metrópole e colônia. Com base em documentação muitas vezes inédita, buscada em arquivos portugueses e franceses, Maria Fernanda revela projetos de invasão até agora ignorados - como o francês, de 1762, sustado por acordos europeus de última hora. "Esta documentação me permitiu desvendar algumas representações sobre o medo em permanente elaboração na dinâmica da relação colonial", argumenta a autora. A CIDADE E O IMPÉRIO - O RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII analisa os mecanismos de poder, controle e ordenação de um dos mais importantes centros urbanos do Império Português. Ao longo do século XVIII, as guerras da Europa se desdobraram cada vez mais sobre as colônias, e as possessões luso-portuguesas não foram exceção à regra. Maria Fernanda Bicalho constrói um interessante e original trabalho de história urbana, onde não trata apenas da cidade. Trata, ainda, das múltiplas relações políticas - e geopolíticas -, econômicas e sociais que se constituíram em torno da cidade do Rio de Janeiro nos tempos coloniais.