«O autor refere-se, na primeira parte do livro, ao golpe militar de 28 de Maio de 1926 e ao imediato estabelecimento da ditadura em Portugal, que, segundo Galvão, tinha sido necessária, mas que devia ser estabelecida apenas por um “período temporário, enquanto estivessem a ser reconstruídas as fundações das instituições políticas e administrativas do país”. Para o capitão Henrique Galvão “dois grupos de problemas requeriam solução, para a paz e reputação da nação. Em primeiro lugar, teriam de ser resolvidos os problemas originados pela crítica situação fiscal e administrativa; em segundo lugar, as instituições políticas e económicas do país teriam de ser reformadas em moldes viáveis. Simultaneamente, teriam de se empreender reformas sociais urgentes sem colidirem com os sentimentos tradicionalmente democráticos do povo”. Para Galvão, o movimento de revolta acabou por desprezar completamente do seu programa as questões sociais da nação já que “em 1927, o Exercito e o Ministro das Finanças por ele designado [António de Oliveira Salazar], tinham solucionado os problemas urgentes da administração, das finanças e da ordem pública, cumprindo assim a missão da ditadura militar e os objectivos essenciais da revolta de 28 de Maio de 1926”. Porém, Portugal acabou por não regressar a um governo cujo poder fosse legítimo. Sob a designação de “República unitária e corporativa”, Salazar – que é retratado, neste seu livro, como “uma miniatura híbrida, de Maquiavel, Estaline, Savonarola, Mussolini e Inquisidor do Santo Ofício” – manteve “uma nova e disfarçada forma de ditadura”, a partir da Constituição de 1933, que, apenas, “em teoria garantia os direitos do indivíduo, incluindo a liberdade de reunião, religião e reunião”. Salazar, segundo Galvão, podia muito bem repetir as palavras de Luís XIV: “L’Êtat c’est moi!” [O Estado sou eu].» in Jornal de Angola
«O autor refere-se, na primeira parte do livro, ao golpe militar de 28 de Maio de 1926 e ao imediato estabelecimento da ditadura em Portugal, que, segundo Galvão, tinha sido necessária, mas que devia ser estabelecida apenas por um “período temporário, enquanto estivessem a ser reconstruídas as fundações das instituições políticas e administrativas do país”. Para o capitão Henrique Galvão “dois grupos de problemas requeriam solução, para a paz e reputação da nação. Em primeiro lugar, teriam de ser resolvidos os problemas originados pela crítica situação fiscal e administrativa; em segundo lugar, as instituições políticas e económicas do país teriam de ser reformadas em moldes viáveis. Simultaneamente, teriam de se empreender reformas sociais urgentes sem colidirem com os sentimentos tradicionalmente democráticos do povo”. Para Galvão, o movimento de revolta acabou por desprezar completamente do seu programa as questões sociais da nação já que “em 1927, o Exercito e o Ministro das Finanças por ele designado [António de Oliveira Salazar], tinham solucionado os problemas urgentes da administração, das finanças e da ordem pública, cumprindo assim a missão da ditadura militar e os objectivos essenciais da revolta de 28 de Maio de 1926”. Porém, Portugal acabou por não regressar a um governo cujo poder fosse legítimo. Sob a designação de “República unitária e corporativa”, Salazar – que é retratado, neste seu livro, como “uma miniatura híbrida, de Maquiavel, Estaline, Savonarola, Mussolini e Inquisidor do Santo Ofício” – manteve “uma nova e disfarçada forma de ditadura”, a partir da Constituição de 1933, que, apenas, “em teoria garantia os direitos do indivíduo, incluindo a liberdade de reunião, religião e reunião”. Salazar, segundo Galvão, podia muito bem repetir as palavras de Luís XIV: “L’Êtat c’est moi!” [O Estado sou eu].» in Jornal de Angola