«Talhadas é uma freguesia do concelho de Sever do Vouga, ali a meio caminho entre Aveiro e Viseu, com cerca de 1.000 habitantes que, nos inícios dos anos 1970, na altura com 325 famílias, deu início a uma luta que despertou o mundo rural para a acção colectiva que desafiava o Estado fascista. Nos finais dos anos 1930, ainda no rescaldo da Guerra Civil Espanhola e já em tempos de Segunda Guerra Mundial, em Talhadas e um pouco por toda a realidade circundante, não havia estradas, nem luz eléctrica ou telefone. Os pobres da zona viviam sob um regime que se poderia dizer feudal: meros escravos do sector rico. Tempos de seca, também, com a consequente subida de preços trazida pela aliança entre a escassez e a ganância. Um ambiente fértil para negociatas e enriquecimento rápido de alguns, que acabariam por determinar quem seria a classe dominante dos anos seguintes. É por esta altura que o Estado cria uma nova realidade, com a imposição da reflorestação da Serra e dos Serviços Florestais, os encarregados de a levar a cabo. Pretendia o Estado Novo extinguir o controlo colectivo e tradicional do território e substituí-lo por um regime florestal centralizado, decidido pelo centro de poder estatal, condenando as serras e os montes à subserviência perante a economia de larga escala.» in jornalmapa.pt/2024/09/24/contra-a-floresta-arregimentada-pelos-terrenos-comunitarios/
«Talhadas é uma freguesia do concelho de Sever do Vouga, ali a meio caminho entre Aveiro e Viseu, com cerca de 1.000 habitantes que, nos inícios dos anos 1970, na altura com 325 famílias, deu início a uma luta que despertou o mundo rural para a acção colectiva que desafiava o Estado fascista. Nos finais dos anos 1930, ainda no rescaldo da Guerra Civil Espanhola e já em tempos de Segunda Guerra Mundial, em Talhadas e um pouco por toda a realidade circundante, não havia estradas, nem luz eléctrica ou telefone. Os pobres da zona viviam sob um regime que se poderia dizer feudal: meros escravos do sector rico. Tempos de seca, também, com a consequente subida de preços trazida pela aliança entre a escassez e a ganância. Um ambiente fértil para negociatas e enriquecimento rápido de alguns, que acabariam por determinar quem seria a classe dominante dos anos seguintes. É por esta altura que o Estado cria uma nova realidade, com a imposição da reflorestação da Serra e dos Serviços Florestais, os encarregados de a levar a cabo. Pretendia o Estado Novo extinguir o controlo colectivo e tradicional do território e substituí-lo por um regime florestal centralizado, decidido pelo centro de poder estatal, condenando as serras e os montes à subserviência perante a economia de larga escala.» in jornalmapa.pt/2024/09/24/contra-a-floresta-arregimentada-pelos-terrenos-comunitarios/