«Este volume da Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista pode ser tido como não passando de uma série de documentos sobre um caso corrente. Íamos a dizer apenas um «fait dívers». Nem por isso é menos significativo do arbítrio em que o país viveu durante quasi meio século. É um ca- so representativo de como a informação era controlada, de como nem se falava em recorrer a tribunais comuns para fazer valer os seus direitos, de como se não invoca a lei de Imprensa. O artigo de uma revista não agrada: se fosse nacional teria sido suprimida ou suspensa ou multada; como se trata de uma revista estrangeira, das mais lidas no mundo, proíbe-se a sua entrada no país. A decisão é da administração, concretamente é da Presidência do Governo. Não se estriba em lei nenhuma. Desagradou, é tida como caluniadora, propaganda contra o regime, o Estado, o País. Por isso se proíbe a leitura em Portugal. Arbítrio, mais nada. Durante anos a «Time» esteve proibida de entrar em Portugal. Como outros jornais estavam. Ainda outros eram acrivados todos os dias e entravam uns dias e outros não. Conforme as notícias que traziam eram ou não favoráveis ao regime português.»
«Este volume da Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista pode ser tido como não passando de uma série de documentos sobre um caso corrente. Íamos a dizer apenas um «fait dívers». Nem por isso é menos significativo do arbítrio em que o país viveu durante quasi meio século. É um ca- so representativo de como a informação era controlada, de como nem se falava em recorrer a tribunais comuns para fazer valer os seus direitos, de como se não invoca a lei de Imprensa. O artigo de uma revista não agrada: se fosse nacional teria sido suprimida ou suspensa ou multada; como se trata de uma revista estrangeira, das mais lidas no mundo, proíbe-se a sua entrada no país. A decisão é da administração, concretamente é da Presidência do Governo. Não se estriba em lei nenhuma. Desagradou, é tida como caluniadora, propaganda contra o regime, o Estado, o País. Por isso se proíbe a leitura em Portugal. Arbítrio, mais nada. Durante anos a «Time» esteve proibida de entrar em Portugal. Como outros jornais estavam. Ainda outros eram acrivados todos os dias e entravam uns dias e outros não. Conforme as notícias que traziam eram ou não favoráveis ao regime português.»