Com dedicatória do autor ao Dr. Jayme de Gouvêa
Sobre um decreto : colecção dos artigos publicados no Século, Opinão, Liberal, Monarchia, Lucta, Portugal, Vanguarda, sobre o Decreto que regula o internamento em Manicómios, seguidos de um novo projecto de Lei
Sobre um Decreto: uma campanha jornalística, coletânea de artigos reunidos e publicados por Alberto da Cunha Dias em diferentes publicações periódicas dos inícios do séc. XX, tinha como principal objetivo, segundo o autor, esclarecer a opinião pública “daquilo para que serve o Decreto de 11 de maio de 1911 e da sua desarmonia com a Constituição da República Portuguesa” e denunciar aquilo que considerava ser um grave atentado às liberdades individuais. Paralelamente à crítica das disposições do decreto, Alberto da Cunha Dias, internado em 1916 no manicómio de Telhais, em Sintra, e depois no Hospital Conde de Ferreira no Porto, com o diagnóstico de loucura lúcida, moveu uma intensa campanha contra Júlio de Matos, o redator “da mais infame das leis”, que subscrevera um atestado em como padecia de uma “incurável e perigosa loucura”, ao mesmo tempo que denuncia a possível instrumentalização do saber psiquiátrico e as suas implicações.
«Uma das amizades mais duradouras de Fernando Pessoa foi a que manteve durante mais de vinte anos com o advogado, jornalista, polemista político, escritor e editor Alberto da Cunha Dias (1886-1947). Este nome, quase esquecido pela posteridade, não tem despertado particular interesse por parte dos estudiosos, para além da menção de alguns factos que o associam a Fernando Pessoa.1 É bastante conhecida uma carta de Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues, de 4 de Setembro de 1916, apontando três acontecimentos recentes que o tinham mergulhado numa depressão: a grave doença da mãe (um acidente vascular ocorrido em Dezembro de 1915, em Pretória), o suicídio de Mário Sá Carneiro (em 26 de Abril de 1916, em Paris) e, mais recentemente, “a loucura do Cunha Dias”, referido este como “um rapaz meu antigo amigo, muito falador e vivo, que você várias vezes deve ter visto na Brasileira”.2 Sabe-se que o poema “Gládio”, programado para o número 3 do Orpheu, foi dedicado por Pessoa a Alberto da Cunha Dias, assim aparecendo tanto nas provas tipográficas da revista3 como nos originais dactilografados.4 É igualmente conhecido o episódio da sugestão feita a Pessoa, cerca de 1934, por Cunha Dias, então internado num manicómio, para que alterasse o título do livro que inicialmente se intitulava Portugal e acabou por ser publicado como Mensagem.» in O mago e o louco: Fernando Pessoa e Alberto da Cunha Dias, de José Barreto
Com dedicatória do autor ao Dr. Jayme de Gouvêa
Sobre um decreto : colecção dos artigos publicados no Século, Opinão, Liberal, Monarchia, Lucta, Portugal, Vanguarda, sobre o Decreto que regula o internamento em Manicómios, seguidos de um novo projecto de Lei
Sobre um Decreto: uma campanha jornalística, coletânea de artigos reunidos e publicados por Alberto da Cunha Dias em diferentes publicações periódicas dos inícios do séc. XX, tinha como principal objetivo, segundo o autor, esclarecer a opinião pública “daquilo para que serve o Decreto de 11 de maio de 1911 e da sua desarmonia com a Constituição da República Portuguesa” e denunciar aquilo que considerava ser um grave atentado às liberdades individuais. Paralelamente à crítica das disposições do decreto, Alberto da Cunha Dias, internado em 1916 no manicómio de Telhais, em Sintra, e depois no Hospital Conde de Ferreira no Porto, com o diagnóstico de loucura lúcida, moveu uma intensa campanha contra Júlio de Matos, o redator “da mais infame das leis”, que subscrevera um atestado em como padecia de uma “incurável e perigosa loucura”, ao mesmo tempo que denuncia a possível instrumentalização do saber psiquiátrico e as suas implicações.
«Uma das amizades mais duradouras de Fernando Pessoa foi a que manteve durante mais de vinte anos com o advogado, jornalista, polemista político, escritor e editor Alberto da Cunha Dias (1886-1947). Este nome, quase esquecido pela posteridade, não tem despertado particular interesse por parte dos estudiosos, para além da menção de alguns factos que o associam a Fernando Pessoa.1 É bastante conhecida uma carta de Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues, de 4 de Setembro de 1916, apontando três acontecimentos recentes que o tinham mergulhado numa depressão: a grave doença da mãe (um acidente vascular ocorrido em Dezembro de 1915, em Pretória), o suicídio de Mário Sá Carneiro (em 26 de Abril de 1916, em Paris) e, mais recentemente, “a loucura do Cunha Dias”, referido este como “um rapaz meu antigo amigo, muito falador e vivo, que você várias vezes deve ter visto na Brasileira”.2 Sabe-se que o poema “Gládio”, programado para o número 3 do Orpheu, foi dedicado por Pessoa a Alberto da Cunha Dias, assim aparecendo tanto nas provas tipográficas da revista3 como nos originais dactilografados.4 É igualmente conhecido o episódio da sugestão feita a Pessoa, cerca de 1934, por Cunha Dias, então internado num manicómio, para que alterasse o título do livro que inicialmente se intitulava Portugal e acabou por ser publicado como Mensagem.» in O mago e o louco: Fernando Pessoa e Alberto da Cunha Dias, de José Barreto