Os Portugueses foram meras vítimas da PIDE e das políticas opressivas que esta impunha ou, na realidade, como sob qualquer regime autoritário, interagiram com essa força policial servindo-a ou servindo-se dela?
Criada em 1945, numa reformulação meramente cosmética da sua antecessora (a PVDE), pois esta estava demasiado conotada com a «era fascista», a PIDE (acrónimo para Polícia Internacional e de Defesa do Estado) manteve os extensos poderes arbitrários da PVDE na sua tripla missão: garantir a «segurança do Estado» (eliminando a dissidência política), controlar as fronteiras e actuar enquanto serviço de informações. Para este fim, foi necessário criar uma rede de informadores.
Até hoje, a bibliografia dedicada exclusivamente à PIDE continua a focar-se nos mecanismos de repressão exercidos sobre a pequena minoria de opositores ao regime, como se esta fosse a única forma de relacionamento entre a sociedade e a PIDE. A principal consequência deste tipo de abordagem foi reduzir o grosso da população ao estatuto de «povo vítima», que aguentou passivamente a repressão exercida pela PIDE.
No entanto, a realidade é bastante mais complexa, como esta obra visa demonstrar. A relação entre a sociedade portuguesa e a PIDE foi sempre muito mais activa e multifacetada do que tem sido reconhecido até hoje. Os Portugueses nunca foram um simples «povo vítima» a aguentar passivamente e atemorizado o ímpeto repressivo da PIDE. Pelo contrário, a sociedade portuguesa adaptou-se activamente à presença da polícia política e este livro pretende ilustrar as formas como os cidadãos comuns interagiam livremente com a PIDE, muitas vezes (mas não sempre) instrumentalizando-a para cumprir interesses pessoais ou satisfazer necessidades básicas do dia-a-dia.
Os Portugueses foram meras vítimas da PIDE e das políticas opressivas que esta impunha ou, na realidade, como sob qualquer regime autoritário, interagiram com essa força policial servindo-a ou servindo-se dela?
Criada em 1945, numa reformulação meramente cosmética da sua antecessora (a PVDE), pois esta estava demasiado conotada com a «era fascista», a PIDE (acrónimo para Polícia Internacional e de Defesa do Estado) manteve os extensos poderes arbitrários da PVDE na sua tripla missão: garantir a «segurança do Estado» (eliminando a dissidência política), controlar as fronteiras e actuar enquanto serviço de informações. Para este fim, foi necessário criar uma rede de informadores.
Até hoje, a bibliografia dedicada exclusivamente à PIDE continua a focar-se nos mecanismos de repressão exercidos sobre a pequena minoria de opositores ao regime, como se esta fosse a única forma de relacionamento entre a sociedade e a PIDE. A principal consequência deste tipo de abordagem foi reduzir o grosso da população ao estatuto de «povo vítima», que aguentou passivamente a repressão exercida pela PIDE.
No entanto, a realidade é bastante mais complexa, como esta obra visa demonstrar. A relação entre a sociedade portuguesa e a PIDE foi sempre muito mais activa e multifacetada do que tem sido reconhecido até hoje. Os Portugueses nunca foram um simples «povo vítima» a aguentar passivamente e atemorizado o ímpeto repressivo da PIDE. Pelo contrário, a sociedade portuguesa adaptou-se activamente à presença da polícia política e este livro pretende ilustrar as formas como os cidadãos comuns interagiam livremente com a PIDE, muitas vezes (mas não sempre) instrumentalizando-a para cumprir interesses pessoais ou satisfazer necessidades básicas do dia-a-dia.