O Padre Francisco Álvares “viu e escreveu”, dava conta o editor do relato, em 1540. «Ao contrário das ‘maravilhas’ que as narrativas medievais ofereciam aos seus leitores, Francisco Álvares disponibilizava agora um conjunto alargado de dados sobre a figura e os domínios do Preste João obtidos diretamente e cuja verdade estava garantida pelo testemunho de vista de quem os verificara localmente, porque percorrera o território [africano] durante a sua estada de seis anos, entre Abril de 1520 e igual mês de 1526, e tivera a oportunidade de dialogar repetidamente com o negus sobre diversas matérias, com especial incidência nas de âmbito religioso”, explica o investigador Luís Fardilha, da Faculdade de Letras do Porto. “Se algo nos pode ainda hoje surpreender na obra, talvez seja a abertura e tolerância que o autor mostra em relação ao modo específico de ser cristão que encontrou na Igreja etíope. Com efeito, quando a Europa vivia intensamente as consequências da Reforma, não deixa de surpreender a tolerância e abertura do Padre Francisco Álvares perante práticas litúrgicas distantes das que a Igreja Romana aprovava.»
O Padre Francisco Álvares “viu e escreveu”, dava conta o editor do relato, em 1540. «Ao contrário das ‘maravilhas’ que as narrativas medievais ofereciam aos seus leitores, Francisco Álvares disponibilizava agora um conjunto alargado de dados sobre a figura e os domínios do Preste João obtidos diretamente e cuja verdade estava garantida pelo testemunho de vista de quem os verificara localmente, porque percorrera o território [africano] durante a sua estada de seis anos, entre Abril de 1520 e igual mês de 1526, e tivera a oportunidade de dialogar repetidamente com o negus sobre diversas matérias, com especial incidência nas de âmbito religioso”, explica o investigador Luís Fardilha, da Faculdade de Letras do Porto. “Se algo nos pode ainda hoje surpreender na obra, talvez seja a abertura e tolerância que o autor mostra em relação ao modo específico de ser cristão que encontrou na Igreja etíope. Com efeito, quando a Europa vivia intensamente as consequências da Reforma, não deixa de surpreender a tolerância e abertura do Padre Francisco Álvares perante práticas litúrgicas distantes das que a Igreja Romana aprovava.»