São cerca de meia centena de poemas numa antologia singular na obra de um autor, neste caso Sophia de Mello Breyner Andresen (n. 1919), organizada pela sua filha, Maria Andresen de Sousa Tavares, à volta de um tema, o mar, pelo qual a escritora sempre teve um grande fascínio ("De todos os cantos do mundo / Amo com um amor mais forte e mais profundo / Aquela praia extasiada e nua / Onde me uni ao mar, ao vento e à lua"). "Em resumo, estamos perante um livro sem dúvida aconselhável para ler este Verão, talvez numa esplanada sobre o mar - um livro que recupera serenamente um tema quase omnipresente em Sophia e que, para lá do "brilho do visível frente a frente", nos sabe mostrar o esplendor de uma verdade pressentida à superfície das ondas, celebrando o retorno a um tempo mágico e primordial - "Onde sou a mim mesma devolvida / (...) / À praia inicial da minha vida" (pág. 47) - e simultaneamente a promessa de um futuro regresso, a cumprir na eternidade: "Quando eu morrer voltarei para buscar /Os instantes que não vivi junto do mar" (pág. 40)." Fernando Pinto do Amaral, Público, suplemento "Mil Folhas"
São cerca de meia centena de poemas numa antologia singular na obra de um autor, neste caso Sophia de Mello Breyner Andresen (n. 1919), organizada pela sua filha, Maria Andresen de Sousa Tavares, à volta de um tema, o mar, pelo qual a escritora sempre teve um grande fascínio ("De todos os cantos do mundo / Amo com um amor mais forte e mais profundo / Aquela praia extasiada e nua / Onde me uni ao mar, ao vento e à lua"). "Em resumo, estamos perante um livro sem dúvida aconselhável para ler este Verão, talvez numa esplanada sobre o mar - um livro que recupera serenamente um tema quase omnipresente em Sophia e que, para lá do "brilho do visível frente a frente", nos sabe mostrar o esplendor de uma verdade pressentida à superfície das ondas, celebrando o retorno a um tempo mágico e primordial - "Onde sou a mim mesma devolvida / (...) / À praia inicial da minha vida" (pág. 47) - e simultaneamente a promessa de um futuro regresso, a cumprir na eternidade: "Quando eu morrer voltarei para buscar /Os instantes que não vivi junto do mar" (pág. 40)." Fernando Pinto do Amaral, Público, suplemento "Mil Folhas"