«Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.» José Saramago
«A segunda investida poética de Saramago surge quatro anos após “Os Poemas Possíveis”. São poemas de sombra e de luz, entrançados, de uma elaboração feita através do seu próprio avesso, simultaneamente de mar e de trevas.”Devagar, vou descendo entre corais. / Abro, dissolvo o corpo: fontes minhas / De águas brancas, secretas, reunidas / Ao orvalho das rosas escondidas. “Poemas na altura inovadores, marcados pelo amor dito-escrito em transparências breves, imprecisas, e uma certa amargura-tristeza bem portuguesas, na sua raiz claramente lírica. A paixão parece sobrepor-se à militância: “Branco o teu peito, ou sob a pele doirado? / E os agudos cristais, ou rosas encrespadas / Como acesos sinais na fortuna do seio? / Que morangos macios, que sede inconformada, / Que vertigem nas dunas que se alteiam / Quando o vento do sangue dobra as águas / E em brancura vogamos, mortos de oiro.”E o erotismo faz, de forma decidida, a sua aparição em verso: “Teu corpo de terra e água / Onde a quilha do meu barco / Onde a relha do arado / Abrem rotas e caminho.”» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)
«Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.» José Saramago
«A segunda investida poética de Saramago surge quatro anos após “Os Poemas Possíveis”. São poemas de sombra e de luz, entrançados, de uma elaboração feita através do seu próprio avesso, simultaneamente de mar e de trevas.”Devagar, vou descendo entre corais. / Abro, dissolvo o corpo: fontes minhas / De águas brancas, secretas, reunidas / Ao orvalho das rosas escondidas. “Poemas na altura inovadores, marcados pelo amor dito-escrito em transparências breves, imprecisas, e uma certa amargura-tristeza bem portuguesas, na sua raiz claramente lírica. A paixão parece sobrepor-se à militância: “Branco o teu peito, ou sob a pele doirado? / E os agudos cristais, ou rosas encrespadas / Como acesos sinais na fortuna do seio? / Que morangos macios, que sede inconformada, / Que vertigem nas dunas que se alteiam / Quando o vento do sangue dobra as águas / E em brancura vogamos, mortos de oiro.”E o erotismo faz, de forma decidida, a sua aparição em verso: “Teu corpo de terra e água / Onde a quilha do meu barco / Onde a relha do arado / Abrem rotas e caminho.”» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)