Para Ricardo, o fim da actividade económica é aumentar aquilo a que ele chama riqueza do país e que actualmente denominaríamos rendimento nacional real. Do seu ponto de vista, o problema mais delicado da ciência económica consiste na decisão da maneira como este rendimento deve ser dividido pelos diferentes factores de produção: quem deve receber o quê e através de que mecanismos. Este problema é resolvido de uma maneira puramente científica pelo estabelecimento de hipóteses bem definidas, tais como a concorrência perfeita, e raciocinando a partir delas para se ver a que conclusões conduzem. Naturalmente, as hipóteses são sugeridas e confrontadas também com as condições observadas no funcionamento da economia. Actualmente podemos aceitar esta análise: só que estabelecemos as suas implicações com mais exactidão e chegamos ao resultado desejado com melhores ferramentas. A economia do bem-estar investigou mais profundamente, do que Ricardo poderia fazer, o que constitui o bem-estar económico” e a relação que ele tem com o “bem-estar” em geral. As outras ciências sociais acompanharam o desenvolvimento da economia e tornaram-se adultas – politica, antropologia, sociologia, psicologia e ciências com raízes mais heterogéneas, tais como demografia, administração pública ou relações industriais. Em consequência, o papel dos economistas pode ser actualmente definido com maior precisão do que no século dezanove e estes podem proceder ao intercâmbio de contribuições com os outros investigadores das ciências sociais. O ferramental estatístico dos economistas foi largamente aperfeiçoado. A contabilidade ligou-se à teoria económica dando assim origem à contabilidade social e à econometria. Ricardo passou muito tempo à volta da questão – seria mais correto chamar-lhe hipótese – de um padrão de vida “invariável”. Não o encontrou; nem os economistas modernos. Mas estes aproximaram-se bastante mais do assunto, através do emprego de números índices, do que ele jamais poderia ter conseguido. Deixa-se este livro com a sensação de se ter estado em contacto com um grande homem na verdadeira acepção da palavra. Ricardo foi indubitavelmente um escritor desajeitado e sem graça. A sua terminologia está hoje em dia desactualizada. Só raciocinou com clareza no campo limitado da concorrência. Mas quem romper a barreira da linguagem e chegar a conhecê-lo bem, verificará que, no seu domínio particular e tendo em consideração a época, ele via na verdade com muita clareza. Os alicerces que ele construiu foram bons e outros puderam sobre eles edificar. Mais recentemente, formulou-se a teoria da concorrência perfeita ou efectiva numa linguagem nova, e dela se derivou para novos domínios; mas não houve alteração na sua essência. E embora se tenham adquirido novas ferramentas e novos conhecimentos de economia, ainda praticamos essencialmente o mesmo método científico que Ricardo empregou nos tempos iniciais; um método seco, talvez, e frequentemente repulsivo, porém o único alicerce seguro. (Do prefácio de Michael P. Fogarty)
Para Ricardo, o fim da actividade económica é aumentar aquilo a que ele chama riqueza do país e que actualmente denominaríamos rendimento nacional real. Do seu ponto de vista, o problema mais delicado da ciência económica consiste na decisão da maneira como este rendimento deve ser dividido pelos diferentes factores de produção: quem deve receber o quê e através de que mecanismos. Este problema é resolvido de uma maneira puramente científica pelo estabelecimento de hipóteses bem definidas, tais como a concorrência perfeita, e raciocinando a partir delas para se ver a que conclusões conduzem. Naturalmente, as hipóteses são sugeridas e confrontadas também com as condições observadas no funcionamento da economia. Actualmente podemos aceitar esta análise: só que estabelecemos as suas implicações com mais exactidão e chegamos ao resultado desejado com melhores ferramentas. A economia do bem-estar investigou mais profundamente, do que Ricardo poderia fazer, o que constitui o bem-estar económico” e a relação que ele tem com o “bem-estar” em geral. As outras ciências sociais acompanharam o desenvolvimento da economia e tornaram-se adultas – politica, antropologia, sociologia, psicologia e ciências com raízes mais heterogéneas, tais como demografia, administração pública ou relações industriais. Em consequência, o papel dos economistas pode ser actualmente definido com maior precisão do que no século dezanove e estes podem proceder ao intercâmbio de contribuições com os outros investigadores das ciências sociais. O ferramental estatístico dos economistas foi largamente aperfeiçoado. A contabilidade ligou-se à teoria económica dando assim origem à contabilidade social e à econometria. Ricardo passou muito tempo à volta da questão – seria mais correto chamar-lhe hipótese – de um padrão de vida “invariável”. Não o encontrou; nem os economistas modernos. Mas estes aproximaram-se bastante mais do assunto, através do emprego de números índices, do que ele jamais poderia ter conseguido. Deixa-se este livro com a sensação de se ter estado em contacto com um grande homem na verdadeira acepção da palavra. Ricardo foi indubitavelmente um escritor desajeitado e sem graça. A sua terminologia está hoje em dia desactualizada. Só raciocinou com clareza no campo limitado da concorrência. Mas quem romper a barreira da linguagem e chegar a conhecê-lo bem, verificará que, no seu domínio particular e tendo em consideração a época, ele via na verdade com muita clareza. Os alicerces que ele construiu foram bons e outros puderam sobre eles edificar. Mais recentemente, formulou-se a teoria da concorrência perfeita ou efectiva numa linguagem nova, e dela se derivou para novos domínios; mas não houve alteração na sua essência. E embora se tenham adquirido novas ferramentas e novos conhecimentos de economia, ainda praticamos essencialmente o mesmo método científico que Ricardo empregou nos tempos iniciais; um método seco, talvez, e frequentemente repulsivo, porém o único alicerce seguro. (Do prefácio de Michael P. Fogarty)