Descrição
Estas onze formigas - o número fetiche de Boris Vian - são contos onde a farsa surge do drama, a raiva se junta ao que é pungente e o humor mantém as emoções à distância. A maior parte das narrativas inspira-se numa expressão conhecida ou num cliché linguístico desenvolvidos de forma original. O estilo, esse, combina falso realismo com delírio onírico, o excesso cómico com o exagero feroz. A morte, sob a forma de assassínio ou suicídio, está presente na guerra, na vida quotidiana das pontes de Paris e nos palcos do cinema, ligada ao sadismo, à fraqueza, ou até ao amor - mata-se, às vezes, aqueles que se amam. «Chegámos esta manhã e fomos mal recebidos porque não havia ninguém na praia, só uma data de tipos mortos ou bocados de tipos, tanques e camiões desfeitos. De todo o lado apareciam balas, e confusões destas eu não gramo. Saltámos para a água mas era mais fundo do que parecia, e escorreguei numa lata de conservas. O tipo que ia atrás de mim ficou quase sem cara, arrancou-lha um balásio que nos mandaram e eu guardei os bocados da cara no capacete e ofereci-lhos, o tipo lá se foi ao curativo mas parece que não deu com o caminho porque se meteu na água até quase não ter pé, e eu cá não acredito que ele visse o fundo de maneira a não ficar perdido.»