Colecção de Chronicas: primeira série, anno de 1892.
Curiosa colecção de crónicas sobre o dia-a-dia do Tribunal da Boa Hora. "O réu é um homem do povo, de meia-idade, forte, trigueiro, de olhar franco e alegre. Vem pela primeira vez ao tribunal por haver maltratado a sua mulher, que gritou por socorro, mas que logo depois tentou por todos os meios subtrair seu marido à acção da justiça, chegando até a confessar que ele lhe batera com carradas de razão por ela estar de palestra com as vizinhas em vez de cuidar dos arranjos domésticos. Juiz - para o réu - "É verdade que maltratou a sua mulher?" Ele - "É sim senhor. Para que serve negá-lo se isso é verdade e eu não preciso faltar a ela para mostrar que tive razão?". Juiz - "Não teve vergonha, o senhor, que me parece um homem sério e um trabalhador honesto, de bater em sua mulher?" Ele - sorrindo - "Então que dúvida? Havia talvez de bater nas dos vizinhos! Não, que essas têm lá os seus maridos para as castigarem, se forem homens como eu e não quiserem que nas suas casas governe mais a galinha que o galo". E, no final, conta o cronista, este caso terminou com "uma pequena multa aplicada ao delinquente e que também serviu de castigo à mulher que pelo seu desleixo deu lugar ao conflito"..."
Colecção de Chronicas: primeira série, anno de 1892.
Curiosa colecção de crónicas sobre o dia-a-dia do Tribunal da Boa Hora. "O réu é um homem do povo, de meia-idade, forte, trigueiro, de olhar franco e alegre. Vem pela primeira vez ao tribunal por haver maltratado a sua mulher, que gritou por socorro, mas que logo depois tentou por todos os meios subtrair seu marido à acção da justiça, chegando até a confessar que ele lhe batera com carradas de razão por ela estar de palestra com as vizinhas em vez de cuidar dos arranjos domésticos. Juiz - para o réu - "É verdade que maltratou a sua mulher?" Ele - "É sim senhor. Para que serve negá-lo se isso é verdade e eu não preciso faltar a ela para mostrar que tive razão?". Juiz - "Não teve vergonha, o senhor, que me parece um homem sério e um trabalhador honesto, de bater em sua mulher?" Ele - sorrindo - "Então que dúvida? Havia talvez de bater nas dos vizinhos! Não, que essas têm lá os seus maridos para as castigarem, se forem homens como eu e não quiserem que nas suas casas governe mais a galinha que o galo". E, no final, conta o cronista, este caso terminou com "uma pequena multa aplicada ao delinquente e que também serviu de castigo à mulher que pelo seu desleixo deu lugar ao conflito"..."