Os velhos moçambicanos do futuro começarão assim esta história: «Sabem quando foi?... Foi no tempo da paz enfurecida. No tempo da guerra e da fome, em que vestíamos ventos de medo e dormíamos no frio da terra dura e seca. O tempo da dor feita revolta, confusão e sacrifício. O tempo das mortes injustas e inúteis. Já sabem, portanto, quando foi. Tudo aconteceu quando a nossa pátria estava ainda nascendo e os generosos e grandes de espíritos deram o seu sangue para que hoje possamos viver felizes. Por isso, se eles nos deram o seu sangue, nós devemos retribui-lhes com a simples glória de os lembrar.» Neste romance, Ascêncio de Freitas apresenta-nos um sentido e trágico contraponto entre a generosidade e o egoísmo, entre a alegria e a dor, entre o amor fraterno e a traição, entre o preconceito racista e o oportunismo, entre o fervor da esperança e a mais amarga desilusão, entre a mesquinha ambição e os mais elevados valores universais do homem - constante pano de fundo de «A Paz Enfurecida» que se viveu durante os anos da guerra civil em Moçambique. Trata-se de um romance recheado de uma surpreendente riqueza de pormenores históricos, servido pela particular expressividade da narrativa oral africana, onde as constantes interrogações prendem o leitor a uma exigência absoluta de respostas para as mais cruciais dúvidas sobre a generosidade e a humanidade daquele que – pela desmedida da sua insensatez – dizem ter sido feito «à imagem de Deus».
Os velhos moçambicanos do futuro começarão assim esta história: «Sabem quando foi?... Foi no tempo da paz enfurecida. No tempo da guerra e da fome, em que vestíamos ventos de medo e dormíamos no frio da terra dura e seca. O tempo da dor feita revolta, confusão e sacrifício. O tempo das mortes injustas e inúteis. Já sabem, portanto, quando foi. Tudo aconteceu quando a nossa pátria estava ainda nascendo e os generosos e grandes de espíritos deram o seu sangue para que hoje possamos viver felizes. Por isso, se eles nos deram o seu sangue, nós devemos retribui-lhes com a simples glória de os lembrar.» Neste romance, Ascêncio de Freitas apresenta-nos um sentido e trágico contraponto entre a generosidade e o egoísmo, entre a alegria e a dor, entre o amor fraterno e a traição, entre o preconceito racista e o oportunismo, entre o fervor da esperança e a mais amarga desilusão, entre a mesquinha ambição e os mais elevados valores universais do homem - constante pano de fundo de «A Paz Enfurecida» que se viveu durante os anos da guerra civil em Moçambique. Trata-se de um romance recheado de uma surpreendente riqueza de pormenores históricos, servido pela particular expressividade da narrativa oral africana, onde as constantes interrogações prendem o leitor a uma exigência absoluta de respostas para as mais cruciais dúvidas sobre a generosidade e a humanidade daquele que – pela desmedida da sua insensatez – dizem ter sido feito «à imagem de Deus».