Com dedicatória e autógrafo do autor.
Ilustrações de Avelino Carmo
«Santos Fernando foi um daqueles casos corriqueiros dos gênios pouco conhecidos e aos quais o panteão da eternidade não abre as portas. Existem milhares de gênios assim, sempre vivendo próximo a nós e não há uma explicação lógica para que jamais alcancem a fama e o sucesso merecidos. O primeiro texto de Santos Fernando que conheci foi publicado no jornal O Pasquim, semanário criado no Rio de Janeiro pelos maiores humoristas brasileiros de todos os tempos e alguns dos mais respeitados escritores, uma turma essencialmente carioca, irreverente, mordaz e brilhante como o sol de Ipanema que eles tanto apreciavam ver, desde que de dentro de um bar. “Intelectual não vai à praia, intelectual bebe”, proclamava Millôr Fernandes, numa espécie de mantra etílico. Vinicius de Moraes já havia declarado algum tempo antes que “o uisque é o melhor amigo do homem; o uísque é o cachorro engarrafado”. E assim pensavam eles e viviam a vida e destroçavam com ironia cortante tudo que lhes desse vontade. Escorria lentamente a década de 60 no Brasil, levando em seu leito lamacento a ditadura militar instalada em 1964 e alvo maior de todas as edições de O Pasquim. (...) Santos Fernando lançou ainda em 1972 o excelente livro de contos "Absurdíssimo" e "A árvore dos sexos" em 1973. Santos Fernando criou também o argumento e trabalhou o roteiro do filme português "Pão, amor e totobola". Faleceu em 1975 em plena maturidade criativa, com exatos 50 anos.» In obviousmag
O escritor português Santos Fernando nasceu em 1927 na Lapa, Lisboa. Cursou a Escola Comercial e seguiu sendo um autodidacta na literatura. A sua obra é desde cedo caracterizada pela exploração do nonsense e do absurdo, com extrema elegância estilística e uma vincada ferocidade, tornada benigna pela cumplicidade com a fraqueza humana que sempre transparece nos seus textos. Foi amigo de figuras gradas da cultura portuguesa (por exemplo, Luiz Pacheco e Vítor Silva Tavares) e viu publicados, desde a juventude, textos em jornais nacionais e brasileiros, nomeadamente o português Diário Popular e, do outro lado do Atlântico, O Pasquim, com o qual colaborou regularmente a convite de Millôr Fernandes. Escreveu para rádio, televisão, teatro de revista - destaque-se a parceria regular com o seu grande amigo Ferro Rodrigues -, e publicou em vida treze livros de prosa, alguns dos quais foram também editados no Brasil. Muitos consideraram-no um dos maiores humoristas de língua portuguesa. Morreu em 1975, pouco depois da publicação de Sexo 20.
Com dedicatória e autógrafo do autor.
Ilustrações de Avelino Carmo
«Santos Fernando foi um daqueles casos corriqueiros dos gênios pouco conhecidos e aos quais o panteão da eternidade não abre as portas. Existem milhares de gênios assim, sempre vivendo próximo a nós e não há uma explicação lógica para que jamais alcancem a fama e o sucesso merecidos. O primeiro texto de Santos Fernando que conheci foi publicado no jornal O Pasquim, semanário criado no Rio de Janeiro pelos maiores humoristas brasileiros de todos os tempos e alguns dos mais respeitados escritores, uma turma essencialmente carioca, irreverente, mordaz e brilhante como o sol de Ipanema que eles tanto apreciavam ver, desde que de dentro de um bar. “Intelectual não vai à praia, intelectual bebe”, proclamava Millôr Fernandes, numa espécie de mantra etílico. Vinicius de Moraes já havia declarado algum tempo antes que “o uisque é o melhor amigo do homem; o uísque é o cachorro engarrafado”. E assim pensavam eles e viviam a vida e destroçavam com ironia cortante tudo que lhes desse vontade. Escorria lentamente a década de 60 no Brasil, levando em seu leito lamacento a ditadura militar instalada em 1964 e alvo maior de todas as edições de O Pasquim. (...) Santos Fernando lançou ainda em 1972 o excelente livro de contos "Absurdíssimo" e "A árvore dos sexos" em 1973. Santos Fernando criou também o argumento e trabalhou o roteiro do filme português "Pão, amor e totobola". Faleceu em 1975 em plena maturidade criativa, com exatos 50 anos.» In obviousmag
O escritor português Santos Fernando nasceu em 1927 na Lapa, Lisboa. Cursou a Escola Comercial e seguiu sendo um autodidacta na literatura. A sua obra é desde cedo caracterizada pela exploração do nonsense e do absurdo, com extrema elegância estilística e uma vincada ferocidade, tornada benigna pela cumplicidade com a fraqueza humana que sempre transparece nos seus textos. Foi amigo de figuras gradas da cultura portuguesa (por exemplo, Luiz Pacheco e Vítor Silva Tavares) e viu publicados, desde a juventude, textos em jornais nacionais e brasileiros, nomeadamente o português Diário Popular e, do outro lado do Atlântico, O Pasquim, com o qual colaborou regularmente a convite de Millôr Fernandes. Escreveu para rádio, televisão, teatro de revista - destaque-se a parceria regular com o seu grande amigo Ferro Rodrigues -, e publicou em vida treze livros de prosa, alguns dos quais foram também editados no Brasil. Muitos consideraram-no um dos maiores humoristas de língua portuguesa. Morreu em 1975, pouco depois da publicação de Sexo 20.