Agustina por Agustina - entrevista conduzida por Artur Portela
«Aqueles que se podem aproximar da minha área, não profunda, mas, pelo menos, superficialmente, serão pessoas um pouco saudosistas, um pouco situadas no regime anterior. Não as ignoro, são pessoas perfeitamente respeitáveis. Mas, hoje, depois da II Guerra Mundial, tornou-se uma espécie de marca, de ferrete não ser uma pessoa de esquerda. Basta o nome para as pessoas ficarem um pouco tranquilizadas. Evita-lhes muitas complicações. E as pessoas, mais ou menos, estão todas dependentes umas das outras. Ou, pelos seus empregos, ou pelos seus lugares, ou pelas suas necessidades de se orientarem na vida, sobretudo, depois dos 30 anos. Às pessoas que, como dizia o poeta Heine, já compraram o seu serviço de chá, de porcelana, é muito difícil evitar estilhaçar ou perder a asa de uma chávena… Sobretudo, no campo da política, a pessoa começa a dizer «ele é fascista» ou «se ele pensa desta maneira é porque é fascista e é porque, nesse caso, já teria apoiado os campos de concentração, e, nesse caso, até já teria sido, possivelmente, um dos que aplaudiram os discursos do Hitler». E coisas assim. A imaginação não pára mais e as pessoas, a certa altura, estão perfeitamente paralisadas de terror. É um novo terrorismo.»
Agustina por Agustina - entrevista conduzida por Artur Portela
«Aqueles que se podem aproximar da minha área, não profunda, mas, pelo menos, superficialmente, serão pessoas um pouco saudosistas, um pouco situadas no regime anterior. Não as ignoro, são pessoas perfeitamente respeitáveis. Mas, hoje, depois da II Guerra Mundial, tornou-se uma espécie de marca, de ferrete não ser uma pessoa de esquerda. Basta o nome para as pessoas ficarem um pouco tranquilizadas. Evita-lhes muitas complicações. E as pessoas, mais ou menos, estão todas dependentes umas das outras. Ou, pelos seus empregos, ou pelos seus lugares, ou pelas suas necessidades de se orientarem na vida, sobretudo, depois dos 30 anos. Às pessoas que, como dizia o poeta Heine, já compraram o seu serviço de chá, de porcelana, é muito difícil evitar estilhaçar ou perder a asa de uma chávena… Sobretudo, no campo da política, a pessoa começa a dizer «ele é fascista» ou «se ele pensa desta maneira é porque é fascista e é porque, nesse caso, já teria apoiado os campos de concentração, e, nesse caso, até já teria sido, possivelmente, um dos que aplaudiram os discursos do Hitler». E coisas assim. A imaginação não pára mais e as pessoas, a certa altura, estão perfeitamente paralisadas de terror. É um novo terrorismo.»