«Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade. Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob risco de morrer no caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora, a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente que um vagabundo. E se ela não acreditasse e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental. ‘Então vou ter que inventar uma história para a professora’, querendo dizer: ‘Vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você’. ‘Está bem, fica em casa. Mas estudando!’ E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos aguentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.»
«Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade. Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob risco de morrer no caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora, a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente que um vagabundo. E se ela não acreditasse e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental. ‘Então vou ter que inventar uma história para a professora’, querendo dizer: ‘Vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você’. ‘Está bem, fica em casa. Mas estudando!’ E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos aguentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.»