Toda a obra de João de Araújo Correia é verídico testemunho, porque toda ela é o resultado de escrupulosa atenção à realidade humana e à realidade telúrica. O autor de Contos Durienses não se deita a fantasiar, no sentido pejorativo deste verbo. Faz, decerto, obra de imaginação, mas a matéria-prima com que a sua imaginação trabalha é colhida in loco e in fragrante. Os contos criados pela sua imaginação respiram verosimilhança, parecem a crespa realidade pela sumária razão de que o autor não se situa perante a realidade - humana ou paisagística, subjectiva ou objectiva -, na atitude do cão de loiça. Muito assimilou, muito viu, muito ouviu, muito sentiu, e por isso mesmo, chegado ao momento de fabular o seu conto, não lhe faltam verídicos materiais para o arquitectar. Não faz cópias, congemina uma realidade verosímil, feita de pedaços de variadas vivências que a memória lhe arquivou. Já alguém chamou à prosa de João de Araújo Correia gostosa e rescendente a pão rústico saído do forno, atrevida e aguda como agulha dos vinhos naturais. E chamou bem. A prosa dele é sempre assim, não só pela bossa temperamental do autor, mas ainda pela sua intimidade com a fala popular, que ele conhece como os dedos das suas próprias mãos. Não embarca em modas. Inclina-se para aquilo que parece ter nascido no signo da perenidade. Tem muito daquele engenheiro que aparece na História de uma criada velha, dos Contos Durienses: odeia a Moda, se for feia. Para ele não há antigo nem moderno - há o bom e o belo.
Toda a obra de João de Araújo Correia é verídico testemunho, porque toda ela é o resultado de escrupulosa atenção à realidade humana e à realidade telúrica. O autor de Contos Durienses não se deita a fantasiar, no sentido pejorativo deste verbo. Faz, decerto, obra de imaginação, mas a matéria-prima com que a sua imaginação trabalha é colhida in loco e in fragrante. Os contos criados pela sua imaginação respiram verosimilhança, parecem a crespa realidade pela sumária razão de que o autor não se situa perante a realidade - humana ou paisagística, subjectiva ou objectiva -, na atitude do cão de loiça. Muito assimilou, muito viu, muito ouviu, muito sentiu, e por isso mesmo, chegado ao momento de fabular o seu conto, não lhe faltam verídicos materiais para o arquitectar. Não faz cópias, congemina uma realidade verosímil, feita de pedaços de variadas vivências que a memória lhe arquivou. Já alguém chamou à prosa de João de Araújo Correia gostosa e rescendente a pão rústico saído do forno, atrevida e aguda como agulha dos vinhos naturais. E chamou bem. A prosa dele é sempre assim, não só pela bossa temperamental do autor, mas ainda pela sua intimidade com a fala popular, que ele conhece como os dedos das suas próprias mãos. Não embarca em modas. Inclina-se para aquilo que parece ter nascido no signo da perenidade. Tem muito daquele engenheiro que aparece na História de uma criada velha, dos Contos Durienses: odeia a Moda, se for feia. Para ele não há antigo nem moderno - há o bom e o belo.