Em Busca do Tempo Perdido é uma das obras-primas da literatura do século XX, ao lado de Ulisses de Joyce, do Livro do Desassossego de Pessoa, e poucos outros.
Como afirmou o poeta e tradutor Pedro Tamen em entrevista a Maria da Conceição Caleiro (Público, Mil Folhas, 21/06/03), «não é possível contar [Em Busca do Tempo Perdido] a ninguém, não existe como história, há meia dúzia de peripécias, de personagens... Ao nível das peripécias há muitas coisas apaixonantes. As mutações quase rocambolescas das personagens, o que era Odette e o que Odette vai sendo ao longo das 3000 páginas... Mas não é isso que interessa. O que interessa é o que isso significa, é o facto de a vida, o mundo, o tempo correr mais depressa do que nós, e no fundo só podermos descobrir o sentido disso quando o tornamos arte, quando o concretizamos em literatura. (...) [Em Busca do Tempo Perdido] é a criação de um universo, no sentido mais universal que a palavra possa conter, através da linguagem.»
« múltiplas personagens e peripécias, que se encaixam, que se ramificam como num tema musical e as suas variações, que voltam as mesmas e sempre já outras, ou melhor, um ciclo na arquitectura, montando pedra a pedra, uma catedral incompleta. Embora se possa, naturalmente, dizer que se trata da lenta preparação do narrador, desde criança, para se tornar o escritor da obra que nos é dada. Mas no nosso quotidiano íntimo ou mundano, o que quer que seja que nos aconteça, há sempre um nome que pode vir de Proust, uma situação marcada por um 'antes' familiar, um já escrito: quem não cruzou um Legrandin na sua vida? Ou sorriu enternecido para o acompanhamento, que uma Madame de Cambremer faz de uma melodia em desuso? Quem não inscreveu o nome de alguém amantíssimo numa frase musical, antes de a imaterializar e expandir o efeito possível da música na percepção do mundo? Quem não conheceu Sras Verdurins que lá bem no fundo querem devir Guermantes.» Maria da Conceição Caleiro, Público, Mil Folhas, 21/06/03
Em Busca do Tempo Perdido é uma das obras-primas da literatura do século XX, ao lado de Ulisses de Joyce, do Livro do Desassossego de Pessoa, e poucos outros.
Como afirmou o poeta e tradutor Pedro Tamen em entrevista a Maria da Conceição Caleiro (Público, Mil Folhas, 21/06/03), «não é possível contar [Em Busca do Tempo Perdido] a ninguém, não existe como história, há meia dúzia de peripécias, de personagens... Ao nível das peripécias há muitas coisas apaixonantes. As mutações quase rocambolescas das personagens, o que era Odette e o que Odette vai sendo ao longo das 3000 páginas... Mas não é isso que interessa. O que interessa é o que isso significa, é o facto de a vida, o mundo, o tempo correr mais depressa do que nós, e no fundo só podermos descobrir o sentido disso quando o tornamos arte, quando o concretizamos em literatura. (...) [Em Busca do Tempo Perdido] é a criação de um universo, no sentido mais universal que a palavra possa conter, através da linguagem.»
« múltiplas personagens e peripécias, que se encaixam, que se ramificam como num tema musical e as suas variações, que voltam as mesmas e sempre já outras, ou melhor, um ciclo na arquitectura, montando pedra a pedra, uma catedral incompleta. Embora se possa, naturalmente, dizer que se trata da lenta preparação do narrador, desde criança, para se tornar o escritor da obra que nos é dada. Mas no nosso quotidiano íntimo ou mundano, o que quer que seja que nos aconteça, há sempre um nome que pode vir de Proust, uma situação marcada por um 'antes' familiar, um já escrito: quem não cruzou um Legrandin na sua vida? Ou sorriu enternecido para o acompanhamento, que uma Madame de Cambremer faz de uma melodia em desuso? Quem não inscreveu o nome de alguém amantíssimo numa frase musical, antes de a imaterializar e expandir o efeito possível da música na percepção do mundo? Quem não conheceu Sras Verdurins que lá bem no fundo querem devir Guermantes.» Maria da Conceição Caleiro, Público, Mil Folhas, 21/06/03