Passaram-se mais de quarenta anos. A Amazónia tornou-se entretanto o centro das preocupações da nova ordem ecológica mundial, e os Índios Yanomami objecto de curiosidade, até mesmo de solicitude, por parte de etnólogos interessados em observar como uma cultura pode desaparecer em contacto com a civilização industrial. Durante todos estes anos, e como um rio, Orenoco-Amazonas abriu o seu leito por entre milhares de leitores que fizeram deste livro uma referência da literatura antropológica. «A orgia desenrola-se discreta e lentamente, de acordo com o movimento regular do sol. A maior parte da tribo encontra-se, agora, na praça da aldeia. Uns bebem de pé, outros sentados ou até deitados no chão. As cabaças cheias sucedem-se e são de imediato substituídas pelas mulheres que, vigilantes, vão e vêm entre as pirogas e a praça. A capacidade de cada cabaça ultrapassa um litro. Os estômagos, em breve, ficam tão dilatados que os índios têm de vomitar antes de beber o conteúdo de outra cabaça. Inclinam simplesmente a cabeça para a frente, como, para beber, a inclinam para trás (…) continuamos a filmar (…) O xamã passa por nós. Caminha com lentidão, o rosto grave. Vigia os homens e as crianças para se assegurar que todos cumprem o seu dever até ao fim (…) Porquê tal excesso? Porque é que toda esta gente deve beber de maneira tão imperiosa tamanhas quantidades de chicha? Chamo a isto uma orgia, mas apercebo-me de que nada tem a ver com o sentido que damos a essa palavra. Não vejo um único bêbado no meio desta multidão.»
Passaram-se mais de quarenta anos. A Amazónia tornou-se entretanto o centro das preocupações da nova ordem ecológica mundial, e os Índios Yanomami objecto de curiosidade, até mesmo de solicitude, por parte de etnólogos interessados em observar como uma cultura pode desaparecer em contacto com a civilização industrial. Durante todos estes anos, e como um rio, Orenoco-Amazonas abriu o seu leito por entre milhares de leitores que fizeram deste livro uma referência da literatura antropológica. «A orgia desenrola-se discreta e lentamente, de acordo com o movimento regular do sol. A maior parte da tribo encontra-se, agora, na praça da aldeia. Uns bebem de pé, outros sentados ou até deitados no chão. As cabaças cheias sucedem-se e são de imediato substituídas pelas mulheres que, vigilantes, vão e vêm entre as pirogas e a praça. A capacidade de cada cabaça ultrapassa um litro. Os estômagos, em breve, ficam tão dilatados que os índios têm de vomitar antes de beber o conteúdo de outra cabaça. Inclinam simplesmente a cabeça para a frente, como, para beber, a inclinam para trás (…) continuamos a filmar (…) O xamã passa por nós. Caminha com lentidão, o rosto grave. Vigia os homens e as crianças para se assegurar que todos cumprem o seu dever até ao fim (…) Porquê tal excesso? Porque é que toda esta gente deve beber de maneira tão imperiosa tamanhas quantidades de chicha? Chamo a isto uma orgia, mas apercebo-me de que nada tem a ver com o sentido que damos a essa palavra. Não vejo um único bêbado no meio desta multidão.»