«Um aspecto determinante deste novo livro tem a ver com o facto de o narrador falar do seu “marido”, por oposição à fórmula tradicional do “companheiro”. Opção que traduz, sem rodeios, o quadro legal dos últimos anos, em que cinco Estados norte-americanos legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “Sumter, entretanto, tinha ficado imediatamente fascinado pelo meu marido, espalhando os fantoches a seus pés como se fossem ofertas a um deus loiro.” As mulheres são importantes em “Michael Tolliver está vivo”, isso não é novidade na obra do autor. Enganam-se os que possam supor que o livro é sobre saunas e bares de engate. Afinal, São Francisco não é só o Castro. Um leitor sem preconceito pode lê-lo com o mesmo prazer (as descrições da vida de bairro, das pequenas profissões, das querelas familiares, etc.) como lê Jane Austen ou Saul Bellow. Maupin nunca doura a pílula. Mas também não vê o mundo a preto e branco. A tonalidade e as harmónicas da sua escrita permitem-nos sonhar com os pés assentes na terra.» Eduardo Pitta
€15
«Um aspecto determinante deste novo livro tem a ver com o facto de o narrador falar do seu “marido”, por oposição à fórmula tradicional do “companheiro”. Opção que traduz, sem rodeios, o quadro legal dos últimos anos, em que cinco Estados norte-americanos legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “Sumter, entretanto, tinha ficado imediatamente fascinado pelo meu marido, espalhando os fantoches a seus pés como se fossem ofertas a um deus loiro.” As mulheres são importantes em “Michael Tolliver está vivo”, isso não é novidade na obra do autor. Enganam-se os que possam supor que o livro é sobre saunas e bares de engate. Afinal, São Francisco não é só o Castro. Um leitor sem preconceito pode lê-lo com o mesmo prazer (as descrições da vida de bairro, das pequenas profissões, das querelas familiares, etc.) como lê Jane Austen ou Saul Bellow. Maupin nunca doura a pílula. Mas também não vê o mundo a preto e branco. A tonalidade e as harmónicas da sua escrita permitem-nos sonhar com os pés assentes na terra.» Eduardo Pitta