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Na pista do marfim e da morte – Reportagens africanas

LT006498

Ferreira da Costa

Editora Educação Nacional
Idioma Português PT
Estado : Usado 4/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Em stock

€20
Mais detalhes
  • Código
  • LT006498

Descrição

Porto,1944, 3.ª Edição

«Se, por alguma razão, for necessário situar o autor colonial Ferreira da Costa em uma dada conjuntura da produção literária portuguesa, é bem possível que a sua importância histórica, política e social esteja a meio termo entre as de Julião Quintinha e Castro Soromenho. Ao que ele próprio nos dá a entender nas narrativas de Na pista do marfim e da morte: Reportagens africanas vividas e escritas por Ferreira da Costa, obra contemplada em 1944 com o primeiro lugar da primeira categoria do Concurso de Literatura Colonial da Agência Geral das Colónias (AGC), fica evidente que o autor nutre respeito profundo tanto por um quanto por outro. Se Quintinha, como vimos anteriormente, representa a visão do colonialista típico dos anos 1930, e se Soromenho é conhecido por questionar o colonialismo e revelar as angústias do homem colonial no sertão africano, não chega a ser uma surpresa que esse lugar pareça adequado a Ferreira da Costa.» «A alvorecer, a máquina parou. O estrépito do cabrestante marcou o lançar do ferro. Galguei as escadas e avistei a terra – faixa verde-escuro, franjada pelas águas barrentas do Zaire. Nem uma casa. Nenhum sinal de vida. Senti funda inquietação, em frente daquela imagem desoladora. ¿ Que havia para além dos herméticos renques de palmeiras? Quedei cismático, dominado por mil ideas confusas e dúvidas angustiosas. Em roda, ia uma algazarra ensurdecedora. Os descarregadores "cabindas", recrutados para os trabalhos de bordo, berravam de alegria, por estarem na véspera do regresso à sua terra. Assobiava o vapor, nos maquinismos dos paus de carga. Abriam-se com estrondo os porões – abismos penumbrosos, no fundo dos quais se empilhavam caixas e sacaria. Vinha lá de baixo o cheiro enjoativo e morno das oleaginosas e das ramas do açúcar.»

Na pista do marfim e da morte – Reportagens africanas

€20

LT006498

Ferreira da Costa
Editora Educação Nacional
Idioma Português PT
Estado : Usado 4/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Em stock

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  • LT006498
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Porto,1944, 3.ª Edição

«Se, por alguma razão, for necessário situar o autor colonial Ferreira da Costa em uma dada conjuntura da produção literária portuguesa, é bem possível que a sua importância histórica, política e social esteja a meio termo entre as de Julião Quintinha e Castro Soromenho. Ao que ele próprio nos dá a entender nas narrativas de Na pista do marfim e da morte: Reportagens africanas vividas e escritas por Ferreira da Costa, obra contemplada em 1944 com o primeiro lugar da primeira categoria do Concurso de Literatura Colonial da Agência Geral das Colónias (AGC), fica evidente que o autor nutre respeito profundo tanto por um quanto por outro. Se Quintinha, como vimos anteriormente, representa a visão do colonialista típico dos anos 1930, e se Soromenho é conhecido por questionar o colonialismo e revelar as angústias do homem colonial no sertão africano, não chega a ser uma surpresa que esse lugar pareça adequado a Ferreira da Costa.» «A alvorecer, a máquina parou. O estrépito do cabrestante marcou o lançar do ferro. Galguei as escadas e avistei a terra – faixa verde-escuro, franjada pelas águas barrentas do Zaire. Nem uma casa. Nenhum sinal de vida. Senti funda inquietação, em frente daquela imagem desoladora. ¿ Que havia para além dos herméticos renques de palmeiras? Quedei cismático, dominado por mil ideas confusas e dúvidas angustiosas. Em roda, ia uma algazarra ensurdecedora. Os descarregadores "cabindas", recrutados para os trabalhos de bordo, berravam de alegria, por estarem na véspera do regresso à sua terra. Assobiava o vapor, nos maquinismos dos paus de carga. Abriam-se com estrondo os porões – abismos penumbrosos, no fundo dos quais se empilhavam caixas e sacaria. Vinha lá de baixo o cheiro enjoativo e morno das oleaginosas e das ramas do açúcar.»