«O Amante é o relato exacerbado de uma paixão na adolescência inquieta da escritora. Alia a descoberta do corpo aos martírios da renúncia num cenário soberbo, exótico, perverso como o Oriente. Ela tinha quinze anos e meio e era pobre. Ele tinha vinte e sete e era rico. Ela ignorava as travessias do império dos sentidos. Ele era um mestre do amor sapiente. Ele possuía no rosto o mistério imperturbado de todos os orientes e no corpo o calor de todas as borrascas interiores. Ela possuía um rosto liso, quase inocente. Um rosto à espera de coisas novas do amor físico fundo, mortal. Do encontro destes dois seres excepcionais num lugar excepcional nasceu uma paixão. Banal. O que não é banal é o modo como, tanto tempo volvido sobre essa experiência, Marguerite Duras a retira dos cantos esconsos da memória e a oferece assim, com o despudor e o narcisismo que se calcula aos olhos de um público ansioso de emoções alheias. O Amante é uma sala de espelhos de um palácio íntimo, riquíssimo, onde os raros penetram. Nela habita uma rainha de um reino muito pouco pacífico, cheio de barragens. Literatura é o nome do reino.» Clara Ferreira Alves
«O Amante é o relato exacerbado de uma paixão na adolescência inquieta da escritora. Alia a descoberta do corpo aos martírios da renúncia num cenário soberbo, exótico, perverso como o Oriente. Ela tinha quinze anos e meio e era pobre. Ele tinha vinte e sete e era rico. Ela ignorava as travessias do império dos sentidos. Ele era um mestre do amor sapiente. Ele possuía no rosto o mistério imperturbado de todos os orientes e no corpo o calor de todas as borrascas interiores. Ela possuía um rosto liso, quase inocente. Um rosto à espera de coisas novas do amor físico fundo, mortal. Do encontro destes dois seres excepcionais num lugar excepcional nasceu uma paixão. Banal. O que não é banal é o modo como, tanto tempo volvido sobre essa experiência, Marguerite Duras a retira dos cantos esconsos da memória e a oferece assim, com o despudor e o narcisismo que se calcula aos olhos de um público ansioso de emoções alheias. O Amante é uma sala de espelhos de um palácio íntimo, riquíssimo, onde os raros penetram. Nela habita uma rainha de um reino muito pouco pacífico, cheio de barragens. Literatura é o nome do reino.» Clara Ferreira Alves