Na família dos Marinho, num porto de mar algures na Galiza, havia sempre, em cada geração, um homem que morria (ou desaparecia?) no mar. Por coincidência, todos os desaparecidos tinham olhos azuis. E isto, desde que, dizia a lenda, a Sereia tinha salvo um antepassado dos Marinho e o levara a viver com ela nas profundezas onde morava. Não é pois de admirar que Dª. Eugénia Marinho, ela própria viúva de um Marinho de olhos azuis, quisesse afastar dali o seu filho Alfonso, o único que na família tinha os olhos da fatídica cor. Obrigou-o a jurar que nunca se aproximaria do mar, mas o chamamento da Sereia torna-se mais e mais insistente e Alfonso voltou, ninguém sabe se para cumprir o destino se para justificar a lenda. É pois através de O Conto da Sereia e da lenda dos Marinho que os leitores portugueses vão conhecer um dos mais importantes escritores espanhóis. Galego de nascimento e de formação, Torrente Ballester tem feito frequentemente da Galiza o tema dos seus romances, mas não a Galiza do cliché bucólico; a Galiza que o ocupa é a Galiza urbana e as diversas urbes da Galiza, os seus tipos humanos e personagens insólitas, as inacreditáveis aventuras, conspirações e ilusões que acalentaram nas últimas gerações os mais díspares galegos, uma Galiza tão próxima de nós e que tão mal conhecemos.
Na família dos Marinho, num porto de mar algures na Galiza, havia sempre, em cada geração, um homem que morria (ou desaparecia?) no mar. Por coincidência, todos os desaparecidos tinham olhos azuis. E isto, desde que, dizia a lenda, a Sereia tinha salvo um antepassado dos Marinho e o levara a viver com ela nas profundezas onde morava. Não é pois de admirar que Dª. Eugénia Marinho, ela própria viúva de um Marinho de olhos azuis, quisesse afastar dali o seu filho Alfonso, o único que na família tinha os olhos da fatídica cor. Obrigou-o a jurar que nunca se aproximaria do mar, mas o chamamento da Sereia torna-se mais e mais insistente e Alfonso voltou, ninguém sabe se para cumprir o destino se para justificar a lenda. É pois através de O Conto da Sereia e da lenda dos Marinho que os leitores portugueses vão conhecer um dos mais importantes escritores espanhóis. Galego de nascimento e de formação, Torrente Ballester tem feito frequentemente da Galiza o tema dos seus romances, mas não a Galiza do cliché bucólico; a Galiza que o ocupa é a Galiza urbana e as diversas urbes da Galiza, os seus tipos humanos e personagens insólitas, as inacreditáveis aventuras, conspirações e ilusões que acalentaram nas últimas gerações os mais díspares galegos, uma Galiza tão próxima de nós e que tão mal conhecemos.