Ludovico, até aos dez anos teve uma infância feliz. Mas, um certo dia, quando adejava entre palrar de adultos, rendas, doces, sumos e torradinhas, estremeceu todo por dentro: a sua tia Donatella berrou-lhe ao ouvido direito, com voz rasgada e estridente, “o menininho não quer mais torradinhas?” – e o tímpano de Vico rebentou, espichou sangue e depois desmaiou entre as pernas fedorentas da tia. Ao fim de três dias imerso em coma profundo, Vico embasbacou a família com as suas primeiras palavras: “quero ficar só para o resto da minha vida.” E ficou. O Mar de Ludovico é a história deste homem retirado do mundo, dos seus dias, recostado entre almofadas grandes e macias.
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Ludovico, até aos dez anos teve uma infância feliz. Mas, um certo dia, quando adejava entre palrar de adultos, rendas, doces, sumos e torradinhas, estremeceu todo por dentro: a sua tia Donatella berrou-lhe ao ouvido direito, com voz rasgada e estridente, “o menininho não quer mais torradinhas?” – e o tímpano de Vico rebentou, espichou sangue e depois desmaiou entre as pernas fedorentas da tia. Ao fim de três dias imerso em coma profundo, Vico embasbacou a família com as suas primeiras palavras: “quero ficar só para o resto da minha vida.” E ficou. O Mar de Ludovico é a história deste homem retirado do mundo, dos seus dias, recostado entre almofadas grandes e macias.