A seu tempo, os críticos espanhóis assinalaram a importância desta obra que narra com grande intensidade e maturidade literárias as últimas horas de Walter Benjamin, quando, em Setembro de 1940, munido de uma pasta preta e de um bilhete de barco para os EUA, tentava chegar a Lisboa através de Espanha e dos Pirinéus. São os piores anos da perseguição nazi, que transformou o porto de Lisboa na nostálgica meta de artistas e escritores como Franz Werfel Heinrich Mann ou Alma Mahler em fuga para os Estados Unidos; porém uma nefasta conjunção de circunstâncias entre as quais se encontra emblematicamente a conversão dos Pirinéus em muralha cultural e política (como proclama Hay Pirineos! do escritor fascista Giménez Caballero ordem que dá título ao folheto leitmotiv da segunda metade do relato) impediu a passagem a Benjamin que se suicidou em Port-Bou com uma elevada dose de morfina. Sem pretender suplantar o biógrafo – o que teria resultado muito pouco benjaminiano – e acrescentando aos factos conhecidos outros da sua imaginação Ricardo Gaviria ousa embrenhar-se lucidamente nos caminhos afectivos e intelectuais experimentados pelo escritor antes da sua morte. A leitura deste romance é um convite ao conhecimento de um dos autores mais fascinantes e inquietantes do século XX.
A seu tempo, os críticos espanhóis assinalaram a importância desta obra que narra com grande intensidade e maturidade literárias as últimas horas de Walter Benjamin, quando, em Setembro de 1940, munido de uma pasta preta e de um bilhete de barco para os EUA, tentava chegar a Lisboa através de Espanha e dos Pirinéus. São os piores anos da perseguição nazi, que transformou o porto de Lisboa na nostálgica meta de artistas e escritores como Franz Werfel Heinrich Mann ou Alma Mahler em fuga para os Estados Unidos; porém uma nefasta conjunção de circunstâncias entre as quais se encontra emblematicamente a conversão dos Pirinéus em muralha cultural e política (como proclama Hay Pirineos! do escritor fascista Giménez Caballero ordem que dá título ao folheto leitmotiv da segunda metade do relato) impediu a passagem a Benjamin que se suicidou em Port-Bou com uma elevada dose de morfina. Sem pretender suplantar o biógrafo – o que teria resultado muito pouco benjaminiano – e acrescentando aos factos conhecidos outros da sua imaginação Ricardo Gaviria ousa embrenhar-se lucidamente nos caminhos afectivos e intelectuais experimentados pelo escritor antes da sua morte. A leitura deste romance é um convite ao conhecimento de um dos autores mais fascinantes e inquietantes do século XX.