O público português teve o seu primeiro contacto com a prosa de Luís Rosa através de uma obra de fôlego - "O Claustro do Silêncio". Neste seu segundo livro, voltamos a deleitar-nos com a intensidade narrativa, e a expressão a um tempo impetuosa e lírica da sua escrita, com uma arquitectura do romance sólida, que se constrói de engenho, conhecimento e sonho. E são justamente o engenho e o sonho os alicerces de uma época histórica onde desaguam duas correntes conflitantes – os mitos remanescentes de um passado que estiola e a razão esclarecida, iluminada, de um tempo que se quer novo, futuro. Nas margens revoltas desse tempo vive um homem que inventa, entre a liberdade onírica e a matemática da concretização, um novo mundo, uma nova Lisboa nascida dos escombros da catástrofe insana, e da criatividade lúcida, apaixonada e oportuna da sua mente genial. Eugénio dos Santos e Carvalho foi o arquitecto responsável pela reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755, a figura de proa do governo do Marquês de Pombal, que, num devaneio quase demiúrgico, criou a ordem a partir do caos, e alterou para sempre a fisionomia da cidade em traços que anunciavam já o advento de um novo urbanismo. Mas os homens raramente perdoam um espírito que ousa rasgar horizontes infinitos, e o arquitecto não foi excepção. Abateu-se sobre ele o peso de um lógica de cólera divina na voz alucinada e soberba dos pregadores que vaticinavam as causas da tragédia. O povo, inebriado, deixou-se intoxicar, e o arquitecto viu toldar-se-lhe a mente e encurtarem-se-lhe os dias. Mas para sempre haveria de perdurar a grandeza da sua obra. Um retrato único, pujante, de uma época e suas circunstâncias, da «epopeia de um homem que cumpriu o seu destino».
O público português teve o seu primeiro contacto com a prosa de Luís Rosa através de uma obra de fôlego - "O Claustro do Silêncio". Neste seu segundo livro, voltamos a deleitar-nos com a intensidade narrativa, e a expressão a um tempo impetuosa e lírica da sua escrita, com uma arquitectura do romance sólida, que se constrói de engenho, conhecimento e sonho. E são justamente o engenho e o sonho os alicerces de uma época histórica onde desaguam duas correntes conflitantes – os mitos remanescentes de um passado que estiola e a razão esclarecida, iluminada, de um tempo que se quer novo, futuro. Nas margens revoltas desse tempo vive um homem que inventa, entre a liberdade onírica e a matemática da concretização, um novo mundo, uma nova Lisboa nascida dos escombros da catástrofe insana, e da criatividade lúcida, apaixonada e oportuna da sua mente genial. Eugénio dos Santos e Carvalho foi o arquitecto responsável pela reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755, a figura de proa do governo do Marquês de Pombal, que, num devaneio quase demiúrgico, criou a ordem a partir do caos, e alterou para sempre a fisionomia da cidade em traços que anunciavam já o advento de um novo urbanismo. Mas os homens raramente perdoam um espírito que ousa rasgar horizontes infinitos, e o arquitecto não foi excepção. Abateu-se sobre ele o peso de um lógica de cólera divina na voz alucinada e soberba dos pregadores que vaticinavam as causas da tragédia. O povo, inebriado, deixou-se intoxicar, e o arquitecto viu toldar-se-lhe a mente e encurtarem-se-lhe os dias. Mas para sempre haveria de perdurar a grandeza da sua obra. Um retrato único, pujante, de uma época e suas circunstâncias, da «epopeia de um homem que cumpriu o seu destino».