O Vale Feliz foi publicado originalmente em Zurique em 1940, tendo então passado quase despercebido. Foi só em 1987 que o livro reapareceu no mercado, na colecção "Reprinted by Huber", uma colecção cuja finalidade é recuperar textos esquecidos. Desde essa altura até hoje, os livros de Annemarie Schwarzenbach têm sido publicados na Suíça e traduzidos em várias línguas. Quando escreve Morte na Pérsia, na primeira metade da década de 1930, não tem intenção de o publicar. Retomou-o em 1939, durante uma cura de desintoxicação na Suíça, reescrevendo-o então completamente. A crítica contemporânea considera esta obra a melhor que a autora escreveu. Não se trata de um romance, mas de um livro híbrido, com partes romanescas, textos de viagem e escritos autobiográficos.
O narrador está num acampamento da embaixada britânica em Teerão, para fugir ao calor intenso. Aí vai reflectindo sobre a vida e revivendo momentos passados, assim como a sua relação com Jalé. O narrador está à procura de si próprio e, simultaneamente, do Outro, através da palavra e de uma construção textual que conduz o leitor às suas próprias opções interpretativas. «Guardai os vossos conselhos, não vou poder segui-los. E estou a aprender uma nova linguagem. Será que perdi a razão? - De que é que ainda estou à escuta? - Sobre estas ruínas, reina um silêncio desumano e, lá fora, o vento do deserto, constante como o ciclo das marés, arrasta a areia amarela por cima dos últimos aterros. Tenho de sacudir a poeira dos pés, fui tocado pelo medo - medo de quê? - Medo de um mundo, há muito apodrecido, há muito reduzido a cinza?»
O Vale Feliz foi publicado originalmente em Zurique em 1940, tendo então passado quase despercebido. Foi só em 1987 que o livro reapareceu no mercado, na colecção "Reprinted by Huber", uma colecção cuja finalidade é recuperar textos esquecidos. Desde essa altura até hoje, os livros de Annemarie Schwarzenbach têm sido publicados na Suíça e traduzidos em várias línguas. Quando escreve Morte na Pérsia, na primeira metade da década de 1930, não tem intenção de o publicar. Retomou-o em 1939, durante uma cura de desintoxicação na Suíça, reescrevendo-o então completamente. A crítica contemporânea considera esta obra a melhor que a autora escreveu. Não se trata de um romance, mas de um livro híbrido, com partes romanescas, textos de viagem e escritos autobiográficos.
O narrador está num acampamento da embaixada britânica em Teerão, para fugir ao calor intenso. Aí vai reflectindo sobre a vida e revivendo momentos passados, assim como a sua relação com Jalé. O narrador está à procura de si próprio e, simultaneamente, do Outro, através da palavra e de uma construção textual que conduz o leitor às suas próprias opções interpretativas. «Guardai os vossos conselhos, não vou poder segui-los. E estou a aprender uma nova linguagem. Será que perdi a razão? - De que é que ainda estou à escuta? - Sobre estas ruínas, reina um silêncio desumano e, lá fora, o vento do deserto, constante como o ciclo das marés, arrasta a areia amarela por cima dos últimos aterros. Tenho de sacudir a poeira dos pés, fui tocado pelo medo - medo de quê? - Medo de um mundo, há muito apodrecido, há muito reduzido a cinza?»