«Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando, de Domingos Lobo, embora tendo por tema o que se passou em terras de África no período que antecede a descolonização, não repete o que sobre o assunto já tantas vezes foi escrito. Claro que se respira a guerra do ultramar, a morte, o desejo de regresso, a alienação dos trópicos, o grito de um animal estranho - mais o que se impõe ao leitor, mais do que a terra africana, húmida e quente, é a superfície da escrita, inusitada em narrativa do género, superfície em que soldado e escriba se confundem, sujeito e objecto alternada e simultaneamente. Estamos face a uma outra terra, a um outro piso, ao homem na linguagem, a uma picada ao longo da qual a língua portuguesa conta o absurdo e se confessa estupefacta. Absurdo e estupefacção - eis a regras desta nova gramática da literatura portuguesa.»
«Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando, de Domingos Lobo, embora tendo por tema o que se passou em terras de África no período que antecede a descolonização, não repete o que sobre o assunto já tantas vezes foi escrito. Claro que se respira a guerra do ultramar, a morte, o desejo de regresso, a alienação dos trópicos, o grito de um animal estranho - mais o que se impõe ao leitor, mais do que a terra africana, húmida e quente, é a superfície da escrita, inusitada em narrativa do género, superfície em que soldado e escriba se confundem, sujeito e objecto alternada e simultaneamente. Estamos face a uma outra terra, a um outro piso, ao homem na linguagem, a uma picada ao longo da qual a língua portuguesa conta o absurdo e se confessa estupefacta. Absurdo e estupefacção - eis a regras desta nova gramática da literatura portuguesa.»