«Ouviu a voz do pai, de máquina em riste: - Vou disparar. A voz estava perdida no tempo, mas ela ainda a ouvia às vezes, quando não esperava, quando não estava a pensar nisso. Vou disparar. Disparar como se a fuzilassem. Ela, encostadinha a uma árvore de um jardim qualquer,e, na sua frente, o pelotão de execução, melhor, o fuzilador. A palavra existiria, fuzilador? E havia no seu peito um pequeno receio duro e doloroso de fim, depois de uma ressurreição sem glória, porque nem a morte nem a vida eram importantes. ‘Pronto, fica como ficar’, disse o pai, aborrecido, e sentou-se no banco,perto da árvore. A mãe apertou o casaco contra o peito e disse: ‘Começa a estar frio’. Mas, de súbito, duvida, pensa: seria a mãe ou a outra? Qual delas teve frio na tarde da fotografia? E o tempo foi passando. Seta despedida não volta ao arco.»
«Ouviu a voz do pai, de máquina em riste: - Vou disparar. A voz estava perdida no tempo, mas ela ainda a ouvia às vezes, quando não esperava, quando não estava a pensar nisso. Vou disparar. Disparar como se a fuzilassem. Ela, encostadinha a uma árvore de um jardim qualquer,e, na sua frente, o pelotão de execução, melhor, o fuzilador. A palavra existiria, fuzilador? E havia no seu peito um pequeno receio duro e doloroso de fim, depois de uma ressurreição sem glória, porque nem a morte nem a vida eram importantes. ‘Pronto, fica como ficar’, disse o pai, aborrecido, e sentou-se no banco,perto da árvore. A mãe apertou o casaco contra o peito e disse: ‘Começa a estar frio’. Mas, de súbito, duvida, pensa: seria a mãe ou a outra? Qual delas teve frio na tarde da fotografia? E o tempo foi passando. Seta despedida não volta ao arco.»