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Terra madrasta

LT006768

Jonathan Raban

Editora Quetzal
Idioma Português PT
Estado : Usado 5/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Em stock

€10
Mais detalhes
  • Código
  • LT006768

Descrição

«Em 1994, no vigésimo quinto aniversário da alunagem da Apollo, o Washington Post publicou os intrigantes resultados de uma sondagem recente: 20 milhões de americanos pareciam acreditar que a alunagem era uma mistificação encenada pelo Governo no deserto do Arizona, em nome dos benefícios financeiros das grandes empresas que tinham contratos com a NASA. Uma das conclusões secundárias era que as pessoas do Oeste tinham duas vezes mais tendência para aceitar esta teoria conspirativa, o que era um óptimo exemplo de como um cepticismo deformado, levado longe demais, acabava por se transformar em credulidade inocente. E no entanto se se quisessem provas para sustentar a ideia de que o Governo se metia em contos do vigário desta amplitude, bastaria recordar o projecto de colonização das terras áridas. Em 1909, o Governo tinha realmente largado aquelas pessoas numa extensão de terra que se assemelhava suspeitosamente à superfície lunar. O projecto tinha sido apresentado ao Congresso realmente para lucro das poderosas companhias ferroviárias. Se as pessoas do Oeste manifestavam agora uma desproporcionada desconfiança no Governo e nas grandes empresas, pelo menos tinham na sua história um acontecimento que poderiam brandir triunfantemente como prova do ceticismo das suas suposições. Saberia o Governo que a terra distribuída seria a longo prazo incultivável e que o projecto acabaria em sofrimento? Duvido muito. Tal como os seus eleitores, os políticos da era Roosevelt acreditavam fervorosamente nos poderes miraculosos da nova ciência agrícola. Os directores das companhias ferroviárias, como Albert J. Earling e James J. Hill, estavam sob o efeito do mesmo feitiço. O espírito dominante em 1909 era o idealismo optimista, compartilhado equitativamente pelos emigrantes do Oeste e os ditos poderes. Mas houve real falsidade no modo como o projecto foi publicitado. Os redactores (que provavelmente nunca tinham posto os olhos na pradaria) e os grafistas criaram uma região no papel, tão ilusória como a Árvore das Patacas. A linguagem e as imagens enganadoras das brochuras acabariam por dar razão aos colonos que se sentiam vítimas inocentes de um Governo que estava nas mãos dos maganões da companhia — e este sentimento de terem sido traídos haveria de se manter em ferida através de gerações.»

Terra madrasta

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Jonathan Raban
Editora Quetzal
Idioma Português PT
Estado : Usado 5/5
Encadernação : Brochado
Disponib. - Em stock

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Descrição

«Em 1994, no vigésimo quinto aniversário da alunagem da Apollo, o Washington Post publicou os intrigantes resultados de uma sondagem recente: 20 milhões de americanos pareciam acreditar que a alunagem era uma mistificação encenada pelo Governo no deserto do Arizona, em nome dos benefícios financeiros das grandes empresas que tinham contratos com a NASA. Uma das conclusões secundárias era que as pessoas do Oeste tinham duas vezes mais tendência para aceitar esta teoria conspirativa, o que era um óptimo exemplo de como um cepticismo deformado, levado longe demais, acabava por se transformar em credulidade inocente. E no entanto se se quisessem provas para sustentar a ideia de que o Governo se metia em contos do vigário desta amplitude, bastaria recordar o projecto de colonização das terras áridas. Em 1909, o Governo tinha realmente largado aquelas pessoas numa extensão de terra que se assemelhava suspeitosamente à superfície lunar. O projecto tinha sido apresentado ao Congresso realmente para lucro das poderosas companhias ferroviárias. Se as pessoas do Oeste manifestavam agora uma desproporcionada desconfiança no Governo e nas grandes empresas, pelo menos tinham na sua história um acontecimento que poderiam brandir triunfantemente como prova do ceticismo das suas suposições. Saberia o Governo que a terra distribuída seria a longo prazo incultivável e que o projecto acabaria em sofrimento? Duvido muito. Tal como os seus eleitores, os políticos da era Roosevelt acreditavam fervorosamente nos poderes miraculosos da nova ciência agrícola. Os directores das companhias ferroviárias, como Albert J. Earling e James J. Hill, estavam sob o efeito do mesmo feitiço. O espírito dominante em 1909 era o idealismo optimista, compartilhado equitativamente pelos emigrantes do Oeste e os ditos poderes. Mas houve real falsidade no modo como o projecto foi publicitado. Os redactores (que provavelmente nunca tinham posto os olhos na pradaria) e os grafistas criaram uma região no papel, tão ilusória como a Árvore das Patacas. A linguagem e as imagens enganadoras das brochuras acabariam por dar razão aos colonos que se sentiam vítimas inocentes de um Governo que estava nas mãos dos maganões da companhia — e este sentimento de terem sido traídos haveria de se manter em ferida através de gerações.»