Se é inverosímil ter nascido velho e tornar-se criança - algo que seria, seguramente, uma astúcia do tempo - se acaso tal acontecesse seria então impensável o que pensamos real e inevitável: o movimento que leva a criança a tornar-se adulta. É provável que jamais se consiga resolver o enigma sobre a forma com que autor e leitores se relacionam com a infância que tiveram, com a dos outros e até como continuam a ser crianças sem deixarem de ser pessoas crescidas. Neste vaivém interminável espreita a ameaça de um silêncio intransponível; a incapacidade do indivíduo se compreender a partir do que foi ou julga ter sido. Pensar quem são as pessoas crescidas, o mal e a amizade que lhes vai acontecendo, é entrar num mundo que merecia o nosso espanto se elas não tivessem perdido a capacidade de se espantarem. Se esmorece a capacidade de nos surpreendermos, é motivo para nos interrogarmos sobre essa criança que fomos outrora e que pode agora estar eternamente silenciada.
Se é inverosímil ter nascido velho e tornar-se criança - algo que seria, seguramente, uma astúcia do tempo - se acaso tal acontecesse seria então impensável o que pensamos real e inevitável: o movimento que leva a criança a tornar-se adulta. É provável que jamais se consiga resolver o enigma sobre a forma com que autor e leitores se relacionam com a infância que tiveram, com a dos outros e até como continuam a ser crianças sem deixarem de ser pessoas crescidas. Neste vaivém interminável espreita a ameaça de um silêncio intransponível; a incapacidade do indivíduo se compreender a partir do que foi ou julga ter sido. Pensar quem são as pessoas crescidas, o mal e a amizade que lhes vai acontecendo, é entrar num mundo que merecia o nosso espanto se elas não tivessem perdido a capacidade de se espantarem. Se esmorece a capacidade de nos surpreendermos, é motivo para nos interrogarmos sobre essa criança que fomos outrora e que pode agora estar eternamente silenciada.