Primeira Edição, 1993
"Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal, estará mais bem dotado para o governo da vida?"" Não faz sentido? ""Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao nome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo-d'Alsácia? E no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado do seu canino Deus?"
"Estas considerações podiam ser tomadas como ofensivas, mas José Saramago trata de se defender: "
"Não é culpa minha nem do meu discreto ateísmo se em Münster, no século XVI, como em tantos outros tempos e lugares, católicos e protestantes andaram a trucidar-se uns aos outros em nome de Deus - ""In Nomine Dei"" - para virem a alcançar, na eternidade, o mesmo Paraíso."
"Os acontecimentos descritos nesta peça representam, tão só, um trágico capítulo da longa e, pelos vistos, irremediável história da intolerância humana"", explica o autor. "
"Que o leiam assim, e assim o entendam, crentes e não crentes, e farão, talvez, um favor a si próprios. Os animais, claro está, não precisam."
Primeira Edição, 1993
"Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal, estará mais bem dotado para o governo da vida?"" Não faz sentido? ""Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao nome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo-d'Alsácia? E no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado do seu canino Deus?"
"Estas considerações podiam ser tomadas como ofensivas, mas José Saramago trata de se defender: "
"Não é culpa minha nem do meu discreto ateísmo se em Münster, no século XVI, como em tantos outros tempos e lugares, católicos e protestantes andaram a trucidar-se uns aos outros em nome de Deus - ""In Nomine Dei"" - para virem a alcançar, na eternidade, o mesmo Paraíso."
"Os acontecimentos descritos nesta peça representam, tão só, um trágico capítulo da longa e, pelos vistos, irremediável história da intolerância humana"", explica o autor. "
"Que o leiam assim, e assim o entendam, crentes e não crentes, e farão, talvez, um favor a si próprios. Os animais, claro está, não precisam."