Condenação do fariseísmo social e da cegueira política patentes num dado instante (aliás temporal) da vida portuguesa (em que Lisboa aparece tão literalmente identificada como Pôncio Pilatos no Credo), a peça Jesus Cristo em Lisboa surge também como um Auto de Fé, com todos os respectivos ingredientes da acusação, do juízo e da sanção mortal — episódio do grande teatro do mundo. Nem lhe falta a moralidade conclusiva, a mensagem, por isso que, auto, é também moralidade, como se na peça se reunissem os dados peculiares a um auto sacramental de apologia do Amor. E, todavia, talvez escandalizados com a peça, continuaremos a crucificar Jesus com os pregos dos nossos pecados.
Condenação do fariseísmo social e da cegueira política patentes num dado instante (aliás temporal) da vida portuguesa (em que Lisboa aparece tão literalmente identificada como Pôncio Pilatos no Credo), a peça Jesus Cristo em Lisboa surge também como um Auto de Fé, com todos os respectivos ingredientes da acusação, do juízo e da sanção mortal — episódio do grande teatro do mundo. Nem lhe falta a moralidade conclusiva, a mensagem, por isso que, auto, é também moralidade, como se na peça se reunissem os dados peculiares a um auto sacramental de apologia do Amor. E, todavia, talvez escandalizados com a peça, continuaremos a crucificar Jesus com os pregos dos nossos pecados.